Roraima não ficou de fora da mobilização nacional realizada por indígenas contrários à extinção da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), anunciada no dia 20 deste mês pelo ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta.
Na manhã de ontem (27), aproximadamente 300 indígenas participaram de uma manifestação que se concentrou no entorno da Praça do Centro Cívico. O grupo permaneceu em frente à Assembleia Legislativa, gritando palavras de ordem contra a extinção da Sesai.
“Hoje [ontem] à tarde, estaremos protestando em frente ao Dsei Leste, onde fecharemos parte desse trecho na BR-174”, afirmou o presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena (Condisi) Yanomami, Beto Góes. Segundo ele, o objetivo da manifestação é chamar a atenção do ministro Mandetta.
“Queremos nossa Sesai fortalecida e não transformada em departamento de uma secretaria de atenção primária. Não queremos ser mais um peso para o município de Boa Vista”, ressaltou Góes.
“A Sesai, sendo transformada em departamento, entendemos que a responsabilidade será do município, que não tem condições de cuidar nem de seus moradores, imagina suportar nossas demandas e as especificidades culturais do povo da floresta”, ressaltou o presidente da Condisi.
Ele disse que, caso as reivindicações não sejam atendidas, irão continuar com os protestos. “Vamos procurar os órgãos competentes para defender nossos direitos”, comentou Góes.
O presidente da Hutukara Associação Yanomami, Davi Kopenawa, participou da manifestação e disse que todos os indígenas estão na luta para ter seus direitos mantidos e garantidos.
“Estamos aqui para proteger o nosso povo, a nossa saúde. Não queremos que o nosso convênio seja municipalizado. Município é pequeno, não conhece a realidade dos indígenas”, defendeu Kopenawa.
Durante o protesto, indígenas das etnias Yanomami, Macuxi, Taurepang, Wapichana, Wai-Wai, entre outras, portavam cartazes, faixas e objetos tradicionais.
Nota do Ministério da Saúde divulgada terça-feira, 26
“O Ministério da Saúde esclarece que a realização de ações na Atenção à Saúde Indígena, desenvolvidas pela Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), é uma das atribuições da pasta e que as eventuais mudanças no desenvolvimento dessas ações de vigilância e assistência à saúde aos povos indígenas ainda estão sendo objeto de análise e discussão.
É importante deixar claro que não existe, no momento, medida provisória do governo federal que modifica a política indigenista do País e municipaliza os serviços de saúde de indígenas.
Cabe ressaltar que não haverá descontinuidade das ações. Para isso, o ministério tem se pautado pela garantia da continuidade das ações básicas de saúde, a melhoria dos processos de trabalho para aprimorar o atendimento diferenciado à população indígena, sempre considerando as complexidades culturais e epidemiológicas, a organização territorial e social, bem como as práticas tradicionais e medicinais alternativas a medicina ocidental.”