Dois grupos de indígenas da etnia Yanomami estão em Boa Vista em situação de vulnerabilidade social. A equipe de reportagem da FolhaBV foi até as moradias improvisadas, montadas por eles, e constatou a realidade em que se encontram.
Compostos por adultos, crianças e idosos, os grupos estão abrigados em acampamentos improvisados em terrenos baldios. Um está localizado atrás da Feira do Produtor Rural, na rua Ricardo Fróes, bairro São Vicente. O outro, na rua Mauro Pereira de Melo, atrás de um espaço cultural, no bairro Aeroporto.
A Folha observou que alguns dos indígenas apresentaram sinais de alcoolismo e uma mulher estava com um ferimento no rosto. Além disso, uma criança aparentou desnutrição severa.
Procurada, a Fundação Nacional do Índio (Funai) informou que está ciente da situação e acompanha o caso, por meio da Frente de Proteção Etnoambiental Yanomami Yekuana. Elayne Rodrigues Maciel, coordenadora da organização, disse que os indígenas em situação de rua são da região Ajarani, na Terra Indígena Yanomami (TIY)
“Estamos providenciando os veículos para levá-los de volta para a comunidade amanhã (23). Estamos organizando a logística, porque são muitos. Eles já haviam sido transportados e voltaram, porque uma criança foi removida para tratamento de saúde, e eles só andam em grupo. Toda vez que alguém precisa de tratamento, todo o grupo vem para Boa Vista. Por isso, a logística demora”, afirmou a coordenadora.
Alcoolismo e brigas
O proprietário de um espaço cultural, localizado no bairro Aeroporto, abriga de forma voluntária indígenas que vêm para Boa Vista. Ele, que não quis se identificar, afirmou que fornece alimentação e moradia até que sejam transportados de volta para as comunidades.
No caso dos indígenas que estão em moradia improvisada atrás do espaço, o proprietário disse que eles estão no local há mais de duas semanas e, devido à demora para serem levados de volta para a comunidade, têm ficado estressados, bebido álcool com frequência e causado brigas entre si.
“Eles ficavam aqui no espaço, mas, por causa dessa situação, eles foram para o terreno atrás. Já é bem a terceira vez que esse grupo está aqui. Eles precisam ser levados o mais rápido possível, estão ficando estressados e descontam na bebida. Acaba acontecendo muita briga e violência”, comentou.