Moradores de vários bairros da zona oeste de Boa Vista, como Liberdade, Buritis e Asa Branca, estão preocupados com a infestação de caramujos africanos nas residências. Embora, pareçam inofensivos, o contato direto dos caramujos com humanos pode causar sérios problemas de saúde.
A moradora do bairro Liberdade, Rita Menezes, contou que há pelo menos dois meses tenta acabar com a praga que se proliferou pelo quintal de sua casa. “Tenho crianças pequenas em casa e li que esses bichos fazem mal. Soube de vizinhos que eles [caramujos] estão procriando em um terreno próximo e se espalhando por aqui”, disse.
Ela está usando sal para eliminá-los. A prática ajuda, mas o período chuvoso é propício para o aumento da reprodução. Os caramujos adoram terrenos molhados e verdes para se alimentarem. Nos dias de sol mais forte, eles se escondem.
Os caramujos são transmissores de doenças como a meningite eosinofílica, que atinge o sistema nervoso central e também é transmitida por ratos, e a angiostrongilíase abdominal, que perfura os intestinos e pode levar à morte. Isso preocupa as famílias, que passaram a conviver com esse risco diariamente.
A moradora contou que chegou a ligar para a Vigilância Sanitária, mas que a equipe nunca foi ao local. “Garantiram para mim que viram. Seria para limpeza do espaço e eliminação dos caramujos, mas ficou só na promessa”, frisou.
RISCOS – Um único caramujo é capaz de botar 200 ovos de uma vez e se reproduzir mais de uma vez por ano. Trazido para o Brasil como uma alternativa ao escargot francês, o caramujo africano (Achatina fulica) não teve boa aceitação no país devido à falta de costume do brasileiro de consumir a iguaria. O prejuízo fez os criadores soltarem os animais na natureza. Em pouco tempo eles se proliferaram em todo o país, podendo ser encontrados em 23 dos 26 estados brasileiros. Dentro das cidades, eles devoram hortas e jardins e costumam ser vistos no final da tarde e início da manhã. Os ovos devem ser catados e os caramujos enterrados, para a sua total eliminação.
OUTRO LADO – Em nota, a Prefeitura de Boa Vista informou que a Unidade de Vigilância e Controle de Zoonoses (UVCZ) realiza visitas técnicas pontuais para orientar os moradores sobre como proceder em relação ao controle e combate dos caramujos africanos da espécie Achantina fulica. “Não há na Região Norte, em especial Boa Vista, nenhum registro de doenças ligadas a essa espécie de caramujo”, afirmou.
A administração municipal reforçou que a proliferação é motivada pelas condições dos quintais das residências e terrenos baldios, onde há disponibilidade de alimento, água e abrigo para a reprodução dos caramujos.
Conforme o município, o controle e combate de caramujos deve ser um trabalho conjunto e depende principalmente da cooperação da população em adotar medidas preventivas de limpezas periódicas em seus terrenos bem como a conscientização dos proprietários dos terrenos baldios em promover a limpeza dos locais. (L.G.C)