Cotidiano

Instituto oferece apoio à distância a pacientes com câncer de todo o País

ONG orienta pacientes e familiares a sanar dúvidas e ajudá-los na jornada oncológica, oferecendo suporte com informações e orientações pela Internet e por telefone

Mais de 32 milhões de pessoas vivem com câncer em todo o mundo. Cerca de 8,2 milhões mortes ocorrem todos os anos por causa do câncer. Os dados são da Agência Internacional de Pesquisa para o Câncer da Organização Mundial da Saúde. Em Roraima, 2.015 casos foram diagnosticados nos últimos seis anos e 829 pessoas morreram com a doença de 2014 a 2016, segundo dados da Sesau (Secretaria Estadual de Saúde).

Os dados assustam. Assusta ainda mais ouvir o diagnóstico, a confirmação da suspeita médica de que o tumor é maligno. A morte é o primeiro pensamento de muitos pacientes. “O impacto inicial da doença ainda existe.

Após receber o diagnóstico, o paciente vai deprimir, ficar com medo, vai pensar que vai morrer. Tudo isso vai acontecer. Ainda estamos longe de conseguir mudar esse pensamento inicial. Mas tem que existir um segundo momento, de definir qual oncologista o acompanhará, quais as opções de tratamento. Nessa hora, procurar um psicólogo para acompanhar o tratamento é importante”, disse a psicóloga especializada em Psico-oncologia, Luciana Holtz.

Ela é fundadora e CEO do Instituto Oncoguia, associação sem fins lucrativos criada com o objetivo de ajudar o paciente com câncer a viver melhor por meio de projetos e ações de informação de qualidade, educação em saúde, apoio e orientação ao paciente e defesa de direitos. “Qualquer paciente com câncer, familiar ou amigo pode entrar em contato com o instituto para tirar uma dúvida, desabafar, contar um problema. A gente não faz pelo paciente, o que a gente propõe é uma parceria. Se ele está com um problema, nós vamos ajudar a resolver”, explicou Luciana.

Para a psico-oncologista, não basta o paciente saber em que parte do corpo está o câncer. “Tem que saber o nome, o sobrenome e o apelido da doença. Isso vai ajudar no tratamento, entender quais os próximos passos. Nesse quesito, o paciente tem que ser ativo e responsável, perguntar mesmo para o oncologista, tirar dúvidas. É o que chamamos de Medicina personalizada do câncer”, afirmou.

O contato pode ser feito pelo site do Oncoguia (www.oncoguia.org.br) ou pelo 0800-773-1666 (gratuito para todo o Brasil). “Por mais que falem que nem todo mundo tá na internet, eu acredito no oposto. A grande maioria já tem um aparelho conectado. A segunda opção é pelo canal Ligue Câncer, num 0800 nacional, que funciona de segunda a sexta das 8h às 17 horas”, disse.

PRESENCIAL – Quem prefere um acompanhamento presencial, pode recorrer à Unacon (Unidade de Alta Complexidade em Oncologia), no HGR (Hospital Geral de Roraima). De segunda a sexta-feira, um psicólogo atende a todos os pacientes oncológicos internados e familiares das 7h às 13 horas. Nas segundas-feiras, o Grupo de Apoio psicossocial para mulheres com câncer de mama é realizado de 8h30 às 10 horas e o atendimento em ambulatório para pacientes é das 11h às 12 horas. Nas terças, quarta e sextas, o atendimento é às 7h30. Nas sextas, o grupo de apoio para familiares e acompanhantes começa às 10 horas. (V.V)

Fatores ambientais são a causa preponderante de câncer

Fumo, ingestão de alimentos processados, como refrigerante, linguiça e bacon, colesterol alto, HPV, hepatite e mononucleose – os chamados fatores ambientais – aumentam o risco de proliferação irregular de células no corpo, ou seja, de câncer. É o que afirma o diretor-geral do Centro Oncológico Antonio Ermínio de Moraes, da Beneficência Portuguesa de São Paulo, e membro do Comitê Executivo do Centro Oncológico Israelita Albert Einstein, o médico oncologista Antonio Buzaid.

Para ele, o fator ambiental é, em geral, mais importante que o genético. “Vale lembrar que a pessoa tem como melhorar o fator ambiental, não fumando, não ingerindo bebidas e alimentos processados, fazendo atividade física”, citou durante o Encontro Latino-Americano de Oncologia Bayer, realizado nesta semana em São Paulo.

Diagnosticado com um dos cerca de 100 tipos de câncer, chega a hora de o paciente saber qual o tratamento adequado. Atualmente, seis tratamentos são oferecidos para combater a doença: cirurgia; quimioterapia, que apresenta altos índices de efeitos colaterais; radioterapia; acelerador linear, como o Xofigo, usado no tratamento do câncer de próstata, em que a radiação não afeta a medula e apresenta poucos efeitos colaterais; hormonioterapia, que bloqueia a ação do tumor; e a imunoterapia, que estimula o sistema imune a eliminar as células cancerígenas. “Acredito na interação das modalidades de tratamento para a cura do câncer”, afirmou Buzaid.

Em Roraima, o diagnóstico é feito pelo o Laper (Laboratório de Anatomia Patológica), que é o único laboratório a oferecer serviço médico especializado para a realização de diagnósticos de várias doenças, inclusive do câncer. Já o tratamento contra a doença é realizado pela Unacon, único centro credenciado pelo Ministério da Saúde para o tratamento de pessoas com câncer no Estado.

A Unacon presta atendimento clínico, cirúrgico e quimioterápico nos diversos tipos de neoplasias. As especialidades cirúrgicas ofertadas são cancerologia cirúrgica, mastologia, urologia, cirurgia de cabeça e pescoço, cirurgia torácica, ginecologia e coloproctologia, dentro do tempo de espera que respeita a legislação federal pertinente, de 60 dias.

Conforme informações da Sesau, o tratamento medicamentoso (quimioterápico) está sendo ofertado a todos os pacientes, não havendo nenhum paciente que tenha deixado de receber quimioterapia. Alguns pacientes são tratados pelo Serviço de Quimioterapia da Unacon e outros realizam o tratamento pelo Cecor (Centro Oncológico de Roraima), unidade credenciada ao SUS (Sistema Único de Saúde), portanto, sem nenhum ônus aos pacientes.

Quando necessárias, as sessões de radioterapia são realizadas por meio de TFD (Tratamento Fora de Domicílio), também respeitando a legislação federal pertinente. O Governo do Estado tem cobrado do Ministério da Saúde celeridade no processo de implantação do serviço de radioterapia, considerando que Roraima está incluído no Plano Nacional de Expansão da Radioterapia. A proposta é que o Governo Federal construa o prédio, instale o aparelho de radioterapia e arque com manutenção durante cinco anos. Caberá ao Estado a contratação de profissionais, a compra de mobiliário e demais equipamentos para equipar o prédio. (V.V)