Cotidiano

Instituto recomenda descarte de sobras de vacina abaixo de 0,5ml

Embora o descarte seja recomendado em alguns casos, um vereador de Boa Vista denunciou que a Prefeitura estaria se desfazendo de doses ainda aplicáveis

As doses de vacinas contra a covid recebidas em Roraima vem em dose única (monodose) ou com 10 doses (multidose) para aplicação na população. Em caso de sobras, a recomendação do Instituto Butantan é que seja feito o descarte dos frascos que tenham conteúdo abaixo de 0,5 ml.

A orientação do Instituto foi feita em fevereiro deste ano, como forma de recomendação para o melhor uso das doses pelos profissionais da saúde. Segundo o responsável pela produção das vacinas, cada frasco de multidose possui o suficiente para 10 doses, mas pode ter um pouco a mais.

“Seguindo as boas práticas de fabricação, é envasado um volume maior que, se retirado com cuidado das ampolas pelos profissionais das unidades de saúde, pode render até duas doses a mais”, explica.

Portanto, considerando que os frascos podem render mais que as 10 doses, pode acontecer de sobrar o suficiente para aplicação em um ou dois idosos. A aplicação deve ser feita somente se o restante no frasco for suficiente para uma dose (0,5 ml).

Na nota técnica nº 108/2021, do Ministério da Saúde (MS), consta que o volume excedente poderá ser utilizado desde que seja possível aspirar o volume de uma dose completa de 0,5ml de um único frasco-ampola.

Não pode ocorrer, por exemplo, a união de restos de vacina para formar uma dose de 0,5 ml. “A mistura de vacina de frascos-ampola diferentes para completar uma dose é rigorosamente contraindicado, uma vez que as vacinas estão sujeitas à contaminação”, completou o MS.

Vereador denuncia descarte incorreto de sobras de vacinas

Recentemente, o vereador Nilson Bispo (PSC) denunciou que as sobras das vacinas nos frascos multidose estariam sendo descartadas de forma incorreta pela Prefeitura de Boa Vista (PMBV), ou seja, quando o restante das doses é acima de 0,5ml.

Segundo o parlamentar, os restos das doses estariam sendo descartadas erroneamente pelas unidades básicas de saúde da Capital. Ele explica que vários frascos com o imunizante estão sendo descartados, tendo em vista que há sobras do produto. Ainda, que as sobras poderiam ser utilizadas em outros idosos, até oito horas após a ampola ser aberta.

“Vários frascos foram descartados. Quando a ampola é aberta, há resquícios do líquido que teriam várias horas de validade. Esse restante da dose poderia ser reutilizado. Em outras cidades isso vem sendo feito por meio de instruções do Instituto Butantan”, afirma o vereador.

O parlamentar explica ainda que ao receber a denúncia procurou uma unidade de saúde em busca de mais informações. “Eu recebi a denúncia que estava sendo descartados e o que constatei é real. Tem que ser criado um mecanismo para utilizar essas doses que estão sobrando e nada disso vem sendo feito. Nós não podemos jogar fora nenhuma gota, aqui são vidas, é a humanidade que tantas pessoas querem, e não estão conseguindo. É inadmissível que a Prefeitura permita isso acontecer”, disse.

Prefeitura afirma que perda técnica da Capital é abaixo da média nacional

Sobre a denúncia de que a Prefeitura estaria descartando de forma incorreta as sobras das vacinas, a Prefeitura de Boa Vista informou que a administração recebe frascos de vacina monodoses (uma dose) da Coronavac e multidoses (10 doses), da Cornavac e Astrazeneca.

A Prefeitura confirmou que há sobras de vacina nas doses, mas que segue as orientações do Ministério da Saúde e do Instituto Butantan. Segundo a PMBV, há uma perda técnica que ocorre devido a abertura de um frasco multidoses, em que ocorre o vencimento do prazo de uso da vacina após o frasco aberto, por não haver pessoas suficientes para vacinar no momento.

“De acordo com o Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação contra a covid-19, do Ministério da Saúde são estimadas perdas operacionais de doses em até 5%. Em Boa Vista, o percentual de perda chega a apenas 0,21% desde o início da campanha, muito abaixo do valor estipulado pelo MS que é de 5%”, completa a nota.

Por fim, a PMBV reforça que tem trabalhado para minimizar as perdas, convocando sempre o público-alvo, do grupo prioritário das etapas anteriores, idosos e profissionais de saúde da linha de frente que por algum motivo não se vacinaram que compareçam aos locais de vacinação para receberem as doses da vacina.

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