Cotidiano

Invasão já perdura por mais de 5 meses

Invasores retirados depois de reintegração de posse de área particular foram assentados em área do governo provisoriamente

Depois que foram retiradas de uma área particular invadida, pelo menos 35 famílias foram autorizadas a ocupar provisoriamente uma área pública ao lado do local onde está sendo construída a caixa d’água do bairro Cidade Satélite, zona Oeste da Capital. Desde março deste ano os barracos foram construídos e os moradores afirmam que estão de forma legal na área, há mais de cinco meses. Novos barracos vêm sendo levantados no local nos últimos meses, aumentando o tamanho da área ocupada.

Como eles estão uma área onde fica uma obra sob responsabilidade do Governo do Estado, a administração estadual explicou que as famílias terão o perfil estudado para verificar a necessidade de serem inseridas nos projetos de habitação. Para a Prefeitura de Boa Vista não há prazo para atender os que estão na área invadida.

Enquanto não recebem respostas sobre um novo local para fixarem residência, nem dos programas que atendem famílias em situação de vulnerabilidade social, especificamente o projeto “Minha Casa, Minha vida”, os invasores disseram que vão continuar nos barracos montados com tapumes, lonas e madeira, inclusive eles alegam ter feito todo o procedimento legal para usufruir de energia elétrica e água encanada.

“Estou numa área que foi cedida. Tenho toda a documentação. Nós invadimos, mas regularizamos todas as pendências. Pago água, energia e onde moro é legalizado. Nós temos uma associação que responde por todos nós”, destacou um morador que não quis se identificar.

De acordo com outro morador, a obra de construção da caixa d’água do bairro está paralisada. Como não havia trabalhadores, os invasores observaram que faltava manutenção no terreno, o que deu motivação para que ocupassem na área. “Nós somos pessoas de bem. Não quero ser enxergado como bandido.

Entramos na área pública porque precisamos de um lugar adequado para viver com nossos filhos. Estou desempregado e sem dinheiro não consigo pagar aluguel”, alegou o invasor.

A dona de casa, Cláudia Vaz, afirmou que o movimento é legítimo e não traz malefícios à população do bairro. “Quem vive no Cidade Satélite não precisa se preocupar com nossa presença. Somos de bem e queremos apenas ter uma casa, para ter dignidade e não mais sofrer pegando chuva e sol”, frisou.  

A coordenadora do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST) do Estado de Roraima, Maria Ferraz, relatou que tanto a administração estadual quanto o Instituto de Terras e Colonização de Roraima (Iteraima) têm ciência que as famílias estão ocupando a área, no entanto, os ocupantes esperam que nos próximos meses possam ser relacionados em algum projeto habitacional.

“É o Estado quem está nesse diálogo, nessa discussão para analisar cada caso para saber quem se adequa ou não às exigências. Estão morando provisoriamente, mas é legal”, acrescentou a coordenadora da entidade.

PREFEITURA – A Prefeitura de Boa Vista esclareceu que não há previsão de moradia para as famílias que se encontram nesse assentamento. A Secretaria Municipal de Gestão Social afirmou que está realizando uma atualização cadastral com todas as famílias inscritas no programa Minha Casa Minha Vida, quando serão acompanhadas e avaliadas para o próximo sorteio que ainda não tem previsão de data. Novas inscrições estão suspensas no momento.

GOVERNO – O Governo do Estado informou que, depois que as famílias saíram de uma área particular localizada no Cidade Satélite,  por meio de reintegração de posse, se instalaram em outra área, no mesmo bairro, que pertence ao Estado.

O Iteraima afirmou que vai realizar o levantamento socioeconômico dessas famílias e verificar quem realmente se enquadra nos critérios exigidos, para que possam ser realocadas para outra área apontada pelo Estado ou enquadradas em programas habitacionais, para que o governo possa reintegrar esta área atualmente ocupada. (J.B)