A falta de chuvas no período da Piracema – período de recriação dos peixes e que terminou, em Roraima, no dia 30 de junho – deixou o leito dos rios baixo e dificultou a subida dos peixes para a desova. Essa foi a explicação dada pela maioria dos vendedores de pescado, no Centro e na Feira do Produtor, para justificar a falta do produto no mercado e a possibilidade de aumento de preço nos próximos dias.
Embora há mais de uma semana a pesca esteja liberada, nos oito comércios visitados pela Folha ainda não havia peixes regionais, como a matrinxã, aracu, pescada, surubim, tucunaré e curimatã, além dos peixes de pele filhote e dourado. A matrinxã, muito apreciada em Roraima, foi a única encontrada nas bancas de venda. Mas, segundo os comerciantes, vem de Manaus (AM). A perspectiva de venda de peixe regional só nos próximos 15 ou vinte dias.
“Os pescadores saíram para pescar e ainda não voltaram, mas a tendência é de que o pescado seja pouco devido à falta de chuvas na época da piracema e, com isso, os preços tendem a subir”, disse Reginaldo Souza, vendedor há 18 anos no Centro. “Acredito que quando chegar, deverá ficar na média de R$ 15,00 a R$ 16,00 o quilo”, afirmou. “Mas esse valor depende de os pescadores conseguirem trazer muito ou pouco peixe”.
Comerciante na área Caetano Filho, o Beiral, no Centro, há mais de 18 anos, Manoel Amaral disse que a expectativa é de que este ano seja de pouco peixe regional, porém preferiu esperar pela primeira entrega de peixe depois da piracema para poder falar em alta de preço.
“O pescado de Boa Vista é muito pouco e quem manda no comércio, hoje, são os pescadores de Caracaraí, que trazem em grande quantidade. Teremos que aguardar a chegada da primeira pescada para ver como ficarão os preços. Mas, pelo que se fala, tem pouco peixe e, sendo assim, os preços sobem naturalmente”, disse.
Na Feira do Produtor, no bairro São Vicente, zona Sul, o vendedor e pescador Edmilson Pereira Carvalho ressaltou que este ano deve ser de pouco pescado regional e deve faltar peixes até de cativeiros. “Sem chuva, os rios não encheram e outros até se secaram, inclusive os tanques de criação no interior do Estado estão todos secos. Isso vai acarretar na falta de peixe e o aumento do preço será inevitável. Só vamos ter noção de quanto será esse aumento quando começar a oferta e a procura pela população”, disse. “São 15 anos que trabalho com peixe e a cada ano diminui a quantidade de peixe pescado em Roraima”.
Porém, há quem conteste a alta de preços e, alegando as dificuldades devido à crise que se instala no Brasil, o vendedor Henrique Françuar disse que irá manter os preços praticados antes do início da piracema, com peixes regionais, em média, de R$ 10,00 ou R$ 12,00 o quilo, dependendo do tamanho e da variedade do pescado. “Acredito que mesmo com pouco peixe, se comparado ao ano passado, este ano vamos manter a média de preços devido à crise ou ver as vendas caírem”. (R.R)
Peixe deve ser consumido ao menos duas vezes por semana
A nutricionista Silnete da Silva Gomes disse que a população deve ter o hábito de comer peixe pelo menos duas vezes por semana devido à pouca gordura, além de ser rica em proteínas e nutrientes essenciais ao homem. “Se comparado a outras carnes, o peixe tem uma gordura mais saudável, além de conter proteínas e um bom teor de ferro, o que acaba sendo uma fonte de alimentação bastante saudável”, frisou.
A nutricionista recomenda que a alimentação deve ser diversificada e a ingestão de peixe incluída junto a outras já tradicionais, como a carne e o frango. “As pessoas que fazem essa diversificação regularmente, em especial colocando peixe, tendem a apresentar melhor qualidade de vida. Se isso vier associado a atividades físicas regulares, de pelo menos três vezes por semana, com certeza essa pessoa tem uma boa qualidade de vida”, frisou.
Quanto ao ômega 3, Silnete ressalta que essa substância só é encontrada em peixes de águas profundas. “Os peixes de rios, como é o caso do nosso peixes regionais, não têm ômega 3, mas não deixa de ser muito saudável devido à sua gordura, proteínas e nutrientes”, frisou
A dona de casa Neide Almeida, que estava numa banca de peixe comprando pescado, disse que é adepta a comer peixe regularmente, de três a quatro vezes por semana. “Para mim, é melhor que a carne vermelha. Além de eu gostar muito de peixe, ele me ajuda a controlar a diabetes”, disse.
A servidora pública Ester Barros disse que tem uma filha nutricionista e indicou a inclusão de peixe nas refeições. “Comecei com uma vez por semana, passei para duas e agora como peixe quatro vezes por semana e às vezes até mais”, disse.
O empresário Paulo Farias disse que come peixe pelo menos três vezes na semana em sua casa. “Sou roraimense e gosto mais de peixe que de carne. Minha esposa faz peixe assado na brasa num dia e no outro, caldeirada, mas sempre há peixe no cardápio”, disse. (R.R)