Cotidiano

Inverno fraco preocupa a Defesa Civil

Como as chuvas estão abaixo do esperado, o fim do inverno neste mês poderá provocar nova estiagem já em setembro

A chegada do mês de agosto trouxe uma nova preocupação à Defesa Civil de Roraima. As poucas chuvas durante o período de inverno, que deve terminar ainda este mês, preocupam quanto ao risco de uma nova estiagem no Estado. As pequenas pancadas de chuva não foram suficientes para tranquilizar a população dos municípios que enfrentaram uma forte seca nos primeiros meses do ano.

Segundo o secretário executivo da Defesa Civil, coronel Cleudiomar Ferreira, o inverno amenizou, mas não alterou o panorama de áreas afetadas pela estiagem. “Nos municípios que decretaram situação de emergência, foram feitas escavações de bebedouros, o que amenizou a situação ainda durante o período de estiagem. Mas, como estamos registrando um inverno muito fraco, a previsão é que esses bebedouros voltem a secar”, disse.

Entre os meses de janeiro e maio de 2015, a Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil reconheceu a situação de emergência em oito dos 15 municípios do interior de Roraima por conta da estiagem. A seca atingiu os municípios de Bonfim, Cantá, Caracaraí e Normandia, além de Alto Alegre, Amajari, Iracema e Mucajaí.   

Conforme ele, o órgão registrou menos volume de chuva durante os meses do inverno em relação aos anos anteriores. “O mês de junho, que costuma ser o mais chuvoso, registrou apenas 250 milímetros, 100 milímetros a menos do que o previsto. O Rio Branco, que deveria ter subido no nível acima de cinco metros ainda em maio, só chegou a esse patamar em julho, mas hoje já está com apenas 1,93 metros de altura”, frisou.

Preocupada com o baixo volume de chuva, a Defesa Civil iniciou uma ação nos municípios do interior para que os prefeitos daquelas localidades comecem a levantar informações visando um novo período de estiagem.

“É uma dificuldade grande, às vezes, para o município repassar as informações que a gente precisa, como o número de moradores que sofrem com o efeito da estiagem. Há certa dificuldade operacional e técnica de alguns prefeitos levantarem essa situação”, explicou o coronel.

Ele lembrou que, em alguns municípios, como em Pacaraima, ao Norte do Estado, não foi possível decretar situação de emergência por conta da falta de documentos necessários. “Eu preciso informar a Brasília a renda per capita do lugar, a correção anual de valores e outras informações que devem ser repassadas no prazo. Em Pacaraima não houve decretação por conta disso, mas sabíamos que o município estava em situação de emergência”, afirmou.

De acordo com Cleudiomar Ferreira, as localidades do interior não têm condições financeiras de enfrentarem, sozinhas, uma nova estiagem. “Precisam ter máquinas para escavar bebedouros, pessoal de campo, caminhões-pipa em casos de falta d’água, mas são ações que possuem custo elevado, por isso que sempre há a intervenção do Estado”, disse.

Segundo ele, a Defesa Civil está mais preparada para enfrentar uma nova estiagem, caso realmente aconteça. “No que se refere à estrutura do governo para dar uma resposta, ainda não temos, mas estamos preparados. Temos veículos, material de combate a incêndio e treinamento de pessoal para fazer frente à seca”, destacou.

PREOCUPAÇÃO – O produtor rural Delman Veras informou que as poucas chuvas que caíram nos municípios do interior não foram suficientes para encher os reservatórios das propriedades. “A preocupação é grande, porque as chuvas foram poucas e teve lugar que não chegou a encher os reservatórios, poços e igarapés, como em Pacaraima. Há de se ter uma atenção redobrada este ano para que a população do interior não sofra com a falta de água”, alertou.

Conforme ele, a recuperação dos pastos também ficou comprometida com o baixo volume de chuvas. “Em Normandia, Uiramutã e Pacaraima, os pastos se recuperaram muito pouco. A partir de setembro é provável que já vejamos pastos secos”, frisou. (L.G.C)