Este ano, a cesta de Páscoa do brasileiro pode perder alguns itens considerados básicos para celebrar o feriado. Isso porque os produtos mais procurados durante a época, como o bacalhau, tiveram aumento de 19,35%. Segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas [FGV IBEV], a vilã da inflação é a batata-inglesa, com aumento de 78,83%, seguida pela couve, com 21,17%, e o atum, 10,36%.
Em Roraima, o consumidor já sente os efeitos dos reajustes nos legumes, principalmente dos tubérculos, já que a batata-inglesa é item indispensável no cardápio do boa-vistense em qualquer época do ano. Os dados ainda apontam a questão climática como um dos fatores influentes na alta dos preços.
Elson Barbosa, gerente de um supermercado localizado no bairro 31 de Março, projeta expectativas positivas nas vendas, embora a crise financeira tenha afetado o bolso dos consumidores.
“Nos preparamos para a Páscoa e pedimos maiores remessas de bacalhau, azeite e batata-inglesa. Os produtos já chegaram com reajustes, que são repassados ao consumidor, mas temos a preocupação para que o cliente sinta o menos possível a diferença de preços deste ano comparado a 2018. Há também novidades em chocolates, que é o que o consumidor sempre procura e alimenta nossas expectativas de boas vendas”, explicou Barbosa.
A professora Severina Vasconcelos não dispensa a pesquisa de preços na hora das compras. Para ela, alguns produtos continuam na faixa de preço aceitável e o segredo para garantir um almoço de Páscoa completo é estar atento às promoções.
“Se os produtos aumentam é em decorrência de alguma situação. O bacalhau, por exemplo, só consumo em épocas especiais, mas se o preço está acima do que podemos pagar, existe a opção de substituir por outros itens semelhantes apenas para manter a tradição,” disse Severina.
Outra consumidora que não quis ser identificada reclamou da alta no preço dos produtos e também da qualidade.
“A batata-inglesa, além de cara, chega até nós com uma péssima qualidade. A minha cesta para a Páscoa é feita em Manaus, pois prefiro investir em uma viagem para comprar produtos mais baratos e de qualidade do que andar em vários mercados de Boa Vista em vão. Sempre estou atenta aos preços e os reajustes estão um absurdo para a realidade do brasileiro”, assegurou.
Maria da Silva trabalha há mais de 30 anos como feirante em Roraima e teme o repasse do reajuste de preços aos seus clientes.
“Em um momento, sobem os preços, e em outros, ‘descem’, e o consumidor fica confuso. Infelizmente, temos que nos adequar com o mercado, senão sofremos prejuízos também. O aumento sempre tem um motivo que talvez mais tarde faça com que o produto sofra uma queda nos preços, mas, por enquanto, a realidade é essa,” explicou a feirante.