O estudante de biologia Raimundo de Lima Viana Filho, 33 anos, desenvolveu uma enciclopédia de biologia sinalizada em Libras (Língua Brasileira de Sinais). O material é resultado do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC).
Surdo desde o nascimento, ele contou que este trabalho é inédito e servirá de referência para ajudar outras pessoas, uma vez que conta com mais de 200 novos sinais entre nomes de doenças e termos técnicos.
“Eu sou o primeiro estudante surdo a se formar em Biologia em Roraima. Por isso, encontrei dificuldade porque os alguns termos e nomes de algumas doenças na biologia ainda não são sinalizadas em Libras. Decidi fazer alguma coisa para mudar essa situação, para ajudar na comunicação de pessoas surdas”, ressalta.
Com a ajuda de uma professora intérprete de Libras, que explicava os termos, e ele traduzia em sinais. Para o estudante, isso vai permitir o processo de inclusão e permanência de pessoas surdas no curso.
“Eu mesmo fiz todos os desenhos. Foram quase três anos para terminar todos os desenhos porque tinha que conciliar trabalho e estudo. Nos últimos meses consegui liberação para sair antes do término do expediente do trabalho para poder me dedicar aos desenhos”, disse.
A coordenadora do curso de Biologia, Nathalia Vargas, disse que ao saber que o teria um estudante com deficiência auditiva ficou apreensiva por nunca ter trabalhado com pessoa com essa necessidade. “Tivemos a nossa disposição uma professora intérprete de Libras, que acompanhou o Raimundo durante todo o curso, participando dos estágios, das apresentações em sala de aula, de eventos. Sempre nos adequamos a necessidade dele de forma que ele fosse avaliado de igual modo como os demais alunos”, explica.
Raimundo de Lima será o primeiro membro da sua família a concluir o ensino superior. “Essa é uma conquista que me deixa muito feliz”. O estudante trabalha há quase dez anos no Setor de Limpeza da Faculdade, instituição em que também estuda. O estudante apresentará o TCC nesta quarta-feira, 7. “Estou um pouco nervoso para a apresentação. É uma emoção única. A Faculdade e os professores sempre me apoiaram neste projeto.
Sinto-me feliz por eles terem acreditado em mim”, comenta.