Em menos de 12 segundos um vídeo mostra mais um ato de vandalismo em Boa Vista. A filmagem foi feita por adolescentes e publicada em uma rede social de um dos jovens, que legendaram a ação como “mais uma para a coleção” em referência à placa de trânsito arrancada em frente à Igreja Cristo Redentor, no Centro.
No vídeo, são ouvidas as palavras “vamos levar para a casa” e “fruto do nosso trabalho” enquanto um deles carrega a placa de sinalização. A Folha entrou em contato com o autor da postagem, mas não obteve resposta até o fechamento da matéria. A ação está sendo investigada pela Secretaria Municipal de Trânsito, que deve avaliar quais penalidades serão aplicadas aos cidadãos.
Mais de 50 placas são destruídas por mês após crimes de vandalismo
A Prefeitura de Boa Vista informou que recupera, mensalmente, mais de 50 placas de sinalização que são danificadas em atitudes criminosas. De acordo com o artigo 163 do Código Penal Brasileiro, o ato é classificado como dano ao patrimônio público e pode gerar pena de seis meses a três anos de detenção, além de multa.
Os números contabilizados pelo município foram calculados nas placas que o departamento de Engenharia de Trânsito tem conhecimento e conseguiu recuperar, mas a quantidade de placas vandalizadas pode ser maior. “Muitas outras não são possíveis recuperar pela falta de recursos financeiros. Uma placa custa em torno de R$ 150 a unidade”, relatou a nota enviada à reportagem.
No ano de 2018, a Guarda Municipal prendeu três pessoas flagradas cometendo o crime em vias públicas, que se estendem a atos de depredação em abrigos de ônibus, quebra de lixeiras e de transporte público, furtos de lâmpadas e outros.
Vandalismo impacta financiamentos públicos e causa transtorno no trânsito
Conforme explicado pelo superintendente municipal de trânsito, Gilvan Santos, o vandalismo prejudica a população de uma forma geral, tanto pelos impactos financeiros quanto pelo aumento nas chances de acidentes por falta de sinalização no local. Ele frisou que a maior parte dos vândalos são adolescentes entre 14 a 17 anos, que fazem os atos em bairros mais afastados do Centro.
“Ou fazem quando tem um aglomerado de pessoas muito grande, em festas ou shows. Percebemos que durante o trajeto [que fazem], eles passam danificando as placas. É um comportamento característico que prejudica o trânsito e pode causar até mortes”, afirmou e destacou que o Projeto Crescer realiza oficina de trânsito com esses adolescentes que realizaram os atos de vandalismo e que eles fazem o trabalho de recuperação das placas.
O superintendente enfatizou ainda que a Prefeitura está trabalhando com ações educacionais nas escolas para conscientizar mais sobre o vandalismo e tentar diminuir os números.
Reafirmação social e problemas psicológicos são fatores que podem explicar atos de vandalismo
Falta de atenção parental, procura por afirmação social e problemas psicossociais são alguns dos motivos que levam os adolescentes a cometerem os atos de vandalismo, de acordo com o conselheiro tutelar Augusto Valente.
“Geralmente esses adolescentes fazem algo para chamar atenção dos adultos porque, muitas vezes, têm um conflito familiar que atinge o jovem”, revelou e completou que as gerações se tornam frustradas pela falta de apoio dos pais.
PUNIÇÃO – Ele esclareceu que, por serem menores de idade, o artigo 116 Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) determina punições específicas para o jovem que for denunciado cometendo o crime.
“Se ele chegar até a presença de um juiz, é imposto duas formas: ou faz o ressarcimento financeiro ou, caso a família não puder custear, ele pode pagar com medida socioeducativa de seis meses, trabalhando em algum órgão público de graça para poder pagar o prejuízo do dano causado”, explicou. (A.P.L)