A Secretaria de Segurança Pública de Roraima (Sesp) passou a contar, desde ontem, com um importante aliado no combate às organizações criminosas, especialmente contra crimes financeiros, mais conhecida como lavagem de dinheiro. Trata-se do Laboratório de Tecnologia contra Lavagem de Dinheiro (LAB-LD), coordenado pelo Ministério da Justiça, que irá auxiliar os órgãos do sistema de Segurança Pública, Judiciário e Ministério Público e outros que necessitarem de apoio técnico especializado no combate a esse tipo de crime.
A apresentação da nova tecnologia ocorreu na manhã de ontem, na sala de reuniões da Sesp. Segundo o secretário estadual de Segurança, João Batista Campelo, com o novo sistema, que assimila e suspeita da intensa movimentação bancária do cliente, vai facilitar o trabalho dos órgãos de segurança.
“É um novo sistema que detecta movimentação financeira intensa e que pode ter procedência de dinheiro sujo, oriundo da corrupção e desvio de verbas, tráfico de drogas, contrabando ou outros delitos”, disse. “Esse equipamento é para colheita de provas, pois um inquérito que não tem provas é arquivado. Então, é preciso que se tenha estas provas nos autos”, frisou.
Ele ressaltou que a nova tecnologia vai diminuir o tempo e aumentar a efetividade de investigações que envolvam crimes financeiros. Porém, para que seja operado, precisa de determinação judicial para a quebra de sigilo bancário. Ao abrir-se suspeita de uma movimentação intensa em uma conta bancária, é preciso ter razões fundadas para ter a autorização do juiz e a opinião do Ministério Público para que o aparelho comece a operar naquela conta.
“Foi com o uso desse sistema que se chegou à conclusão do dinheiro levado para o exterior pelo então desembargador Nicolau dos Santos Neves, do TRT de São Paulo, como também está sendo aplicada na Operação Lava Jato, que descobriu depósitos bancários na Suíça”, disse.
O laboratório resultará como uma ferramenta importante, trazendo resultados práticos e rápidos na produção de provas dos delitos, inclusive detectando possíveis “laranjas”. “Os extratos bancários serão direcionados ao Sistema de Investigação de Movimentação Bancária, o Simba, que é um software por onde passará a análise de vínculos dos alvos, a fim de identificar possíveis laranjas ou outros meios que introduzam o capital ilícito no mercado”, frisou. (R.R)
Crimes anteriores podem ser investigados
Apesar da instalação e começo de operação do LAB-LD ter sido nesta quinta-feira, dia 1º, o secretário de Segurança, João Batista Campelo, informou que crimes anteriores à instalação do laboratório poderão ser investigados de acordo com fundados elementos que demonstrem indícios idôneos para o pedido de quebra dos sigilos bancários.
“Isso é plenamente possível porque as informações pertinentes ficam armazenadas em bancos de dados que, após o devido processo legal, serão disponibilizadas ao Laboratório para análise”, disse ao complementar que a instalação definitiva do sistema contra a lavagem do dinheiro em Roraima é um importante avanço para a Segurança Pública.
“Trata-se de um conjunto de laboratórios de tecnologia instalados no Brasil cuja principal característica é o compartilhamento de experiências, técnicas e soluções voltadas para a análise de dados financeiros, detecção da prática da lavagem de dinheiro, corrupção e crimes afins. Proporciona ao Sistema de Segurança utilizar o que há de melhor em tecnologia, como busca inteligente, análise de vínculos, análise estatística, com analistas capacitados na identificação e no combate aos ilícitos de lavagem de dinheiro, contribuindo sobremaneira na elucidação dos crimes praticados por organizações criminosas”, frisou.
Segundo o coordenador do LAB-LD, Fábio Nogueira, o laboratório está inserido na Rede Nacional de Laboratórios de Tecnologia (Rede-Lab), adquirido por meio de um convênio entre o Ministério da Justiça e a Sesp, montado no Departamento de Inteligência.
O laboratório é uma unidade que atua na análise de dados, especialmente financeiros, tais como quebras de sigilo bancário e fiscal e documentação contábil. “Existe uma ferramenta muito importante, que é a de busca inteligente que identifica atividades ilícitas, utilizando soluções tecnológicas, metodologia própria e profissionais especializados, através de cruzamentos de dados, elaboram relatório que será juntado ao processo na esfera policial”, frisou.
Ele afirmou que, antes, com o uso do meio tradicional, perdia-se tempo com a análise pessoal dos impressos ou meios magnéticos. “Era um trabalho desgastante para os profissionais. Agora vamos recepcionar estes dados través do Simba [Sistema de Inteligência de Movimentação Bancária], software por onde passará análises de vínculos para copilação -, e os analista fazem seu trabalho de forma mais eficaz”, frisou. (R.R)