Um evento concorrido, prestigiado por diversas autoridades do Amazonas e Roraima, marcou o lançamento da pedra fundamental que marca o início da construção da usina de biocombustíveis em Bonfim.
A cerimônia foi realizada na fazenda Nova Esperança, na região do Tucano, local onde será instalada a usina.
Participaram do evento o governador do estado, Antonio Denarium, o CEO da empresa, Eduardo Lima, o superintendente da Suframa, coronel Alfredo Alexandre Menezes Júnior e o prefeito de Bonfim, Joner Chagas, entre outras autoridades.
A multinacional deve investir R$ 1,2 bilhão na construção da usina de etanol de milho. O empreendimento tem 270.000m² e tem previsão para entrar em operação em junho de 2021.
O CEO da Millenium, Eduardo Lima, ressaltou que o empreendimento será fundamental para o desenvolvimento de Bonfim. Vai gerar emprego e renda e colocar a cidade no mapa da agroindústria. Pelo projeto, pretende comprar a produção de milho local, com a expectativa de transformar a atual pequena produção em uma “supersafra”.
Para isso, o executivo pretende buscar parceria com os indígenas que vivem na terra indígena Raposa Serra do Sol. “A ideia é pegar áreas paradas, onde havia cultivo de arroz, e fomentar o plantio de milho orgânico. Vamos fomentar, financiar, fornecer todos os subsídios aos agricultores indígenas. Seremos parceiros”, disse.
Lima agradeceu ao apoio recebido do Governo de Roraima e da Prefeitura de Bonfim, no empenho das equipes técnicas nas análises ambientais para emissão das licenças, permitindo o cumprimento do cronograma para início das obras.
Ele agradeceu ainda ao apoio da Suframa, que teve papel fundamental nesse processo. “Quero destacar a importância da Suframa, na pessoa do coronel Alfredo Menezes, que teve todo o interesse de nos apresentar aos estados da Amazônia Ocidental e seus benefícios formidáveis para desenvolver toda a região Norte”, enfatizou.
O superintendente da Suframa destacou a atividade da instituição em cumprir sua diretriz, que é o desenvolvimento da região Norte, e se disse entusiasmado com o projeto da Millenium Bioenergia. “Levamos a Millenium para o Amazonas, depois viemos para Roraima e seguimos para outros estados da Amazônia Ocidental. Aqui, graças a Deus e com o apoio do Governo de Roraima, o trâmite burocrático foi célere. É por causa disso estamos aqui em Roraima acompanhando a instalação da Millenium“, frisou Alfredo Menezes.
O governador Antonio Denarium disse que Roraima vive um momento muito importante para a sua história e agradeceu a chegada da empresa. “Nosso propósito é valorizar quem trabalha e produz. O Estado de Roraima recebe com muita satisfação e grandeza o projeto, que tem total apoio do governo“, ressaltou.
Na avaliação do prefeito Joner Chagas, a chegada da Millenium Bioenergia marca um novo período para o agronegócio em Bonfim. “Esse grande empreendimento vai fomentar a agricultura, gerar emprego e renda, aumentar a arrecadação e desenvolver ainda mais o nosso município. Damos as boas-vindas à Millenium por ter escolhido Bonfim para esse importante investimento”, disse o chefe do executivo municipal.
MILLENIUM – A Millenium Bioenergia vai investir, nessa primeira fase, R$ 600 milhões, com previsão de produzir 600 mil litros de etanol de milho por dia. Numa segunda etapa, essa produção será dobrada. Por ser uma produção local, o biocombustível deve chegar aos consumidores com preço competitivo em relação à gasolina.
Na primeira etapa, a indústria deve consumir 480 mil toneladas de milho em um ano. Com a ampliação, já na segunda fase, a usina pretende consumir próximo de um milhão de toneladas do grão.
Cinco produtos à base de milho serão produzidos na fábrica. São eles: etanol, o farelo de milho DDGS [Dried Distillers Grains With Solubles], gás dióxido de carbono (CO2), alimentício engarrafado, bio-óleo comestível e o excedente empregado na geração de energia.
Produtores não foram procurados pela empresa
A plantação da cultura do milho no Estado vem ganhando destaque nos últimos anos e aumenta a produção a cada ano com maior volume de área cultivada. Em 2018 a área plantata foi de apenas sete mil hectares. Este ano mais que dobrou, chegando a 15 mil hectares e para 2020 a perspectiva é de haver um aumento de aproximadamente 30% de área plantada, segundo informou o agropecuarista Ermilo Paludo.
“Mas este volume pode aumentar bem mais que isso, caso se concretize o investimento que a empresa está anunciando para produzir etanol de milho em Roraima”, disse se referindo à Milenium Bioenergia.
“Quando começar a fabricação de etanol, aí teremos que ter uma produção de milho bem maior”, disse. “Inclusive, com a produção de etanol no estado, tendo comprador garantido e eles pagando um bom preço pela saca de milho, vai haver um aumento significativo do número de produtores para plantar milho, que hoje são pouco mais de 20 produtores, aí haverá uma grande procura pelo cultivo da lavoura”, disse.
Paludo, que é um dos maiores produtores do grão no Estado, afirmou, ao ser perguntado, que ainda não foi procurado pela empresa Milenium para conversar sobre produção e compra do milho.
“Estamos abertos a conversar e estamos torcendo para que esse investimento dê certo e que seja uma alavanca para o desenvolvimento a economia através da agroindústria no Estado, que abra vagas de empregos, que melhore a renda das pessoas, além dos subprodutos que saem do etanol do milho que são excelentes para fazer ração para suíno, bovino, aves e outros animais”, disse.
O período de plantação do milho em Roraima é no mês de maio e junho, e a colheita é setembro e outubro, com média de 100 a 120 sacas por hectare. A saca é vendida hoje no mercado local a R$ 42,00 em média.
“Ainda estamos numa média baixa, o ideal seria colhermos entre 140 e 150 sacas por hectare, mas estamos melhorando a adubação para melhorar essa produção já partir do próximo ano, mas aos poucos estamos melhorando nossa produção”, afirmou.
MILENIUM – A produção de etanol de milho no Estado deve iniciar em junho de 2021, quando a usina de processamento estiver pronta, segundo informou à Folha o diretor comercial da empresa Mileniun Energia, Acácio Rozendo.
Ele disse que a empresa não tem plantação de milho e que pretende comprar toda a produção no Estado. O consumo inicial para produção será de 480 mil toneladas de milho por ano.
“Já estamos conversando com alguns produtores de milho no Estado e estamos garantindo um preço mínimo da produção, que vai dar segurança para plantar e saber que vai ter a garantia da indústria para comprar”, disse.
Ele afirmou que, quando em funcionamento, a meta inicial da usina é de produzir 600 mil litros de etanol por dia e depois a proposta é dobrar, em pouco tempo, para 1,2 mil litros diariamente.