A Terra Indígena Reserva São Marcos, na fronteira entre Brasil e Venezuela, foi invadida por refugiados que retiram madeira ilegalmente na floresta e abandonam lixo nas margens da Cachoeira do Cipó.
A denúncia é feita pelo diretor técnico do PRONESP (Programa de Desenvolvimento Sustentável da Comunidade Indígena Nova Esperança), Alfredo Wapichana.
A comunidade, onde vivem cerca de 260 índios da etnia Wapichana, é parte da Terra Indígena São Marcos, localizada na região norte de Roraima, que faz fronteira com a Venezuela.
A invasão é diária, enquanto parte dos refugiados utiliza a cachoeira do Cipó, outra parte aproveita para retirar madeira ilegalmente. Além da destruição da floresta, os refugiados poluem o igarapé que abastece as comunidades e abandonam o lixo na área indígena.
Segundo o Alfredo Wapichana, a luta da comunidade é para conter a invasão dos venezuelanos, especialmente nos finais de semana “em que até centenas de pessoas entram sem fiscalização. Isso vem acontecendo desde o ano passado. Os invasores levam drogas e bebidas e ainda abandonam o lixo no local”, denuncia.
Em abril, a comunidade pediu providências ao Ibama, a Funai, ao Exército brasileiro e até a Polícia Federal. “Além do relato, enviamos fotos, mas até agora não tivemos nenhuma resposta”, lamenta.
O local, chamado de Cachoeira do Cipó, fica pouco mais de dois quilômetros da sede do município de Pacaraima, e é utilizado como “área de lazer” pelos refugiados venezuelanos. Trata-se de uma nascente que abastece seis comunidades da Terra Indígena São Marcos.
“O igarapé está sendo poluído, moradores de seis comunidades utilizam essa água todos os dias, inclusive para consumo. A gente quer uma solução, eles estão poluída o igarapé e destruindo a mata”, reforça.
Segundo Silva, índios warao também estão desmatando o local, com apoio do Exército brasileiro. “Eles [o Exército] deveriam nos dar suporte, ajudando no combate ao desmatamento e a poluição, mas estão agindo contra a gente, inclusive apoiando no transporte da madeira retirada ilegalmente”.
“Estamos comunicando novamente todos os órgãos [Funai, Ibama, Exército] e, também, pedindo o apoio do MPF [Ministério Público Federal] para intervir. Está demais. Estão destruindo a nossa comunidade, com o desmatamento e a poluição da nossa principal fonte de água potável”, finaliza.
1ª BRIGADA – O Comando da 1ª Brigada de Infantaria de Selva, por meio de nota, informou que não houve e nem há ações de apoio a retirada de madeira nas comunidades que compõe a Reserva São Marcos. Esclareceu que existem comunidades na área que recebem indígenas venezuelanos, refugiados em território nacional.
“As tropas da 1ª Bda Inf Sl, estacionadas em Pacaraima e em municípios adjacentes, realizam durante o ano patrulhas que tem a finalidade de coibir crimes transfronteiriços e ambientais, ainda, empreendem ações que visam atender as comunidades indígenas no tratamento básico de saúde e melhorar sua infraestrutura. A 1ª Brigada de Infantaria de Selva mantém o seu compromisso em defender o território nacional, coibir crimes na faixa de fronteira e trabalhar pelo desenvolvimento da sociedade roraimense”, diz trecho da nota.