Cotidiano

Liderança afirma que data será simbólica

Secretária do Movimento Mulheres Indígenas do CIR afirma que faltam políticas públicas para os povos nativos

Para muitas representações dos povos nativos do Estado, o Dia do Índio, comemorado no dia 19 de abril, é apenas um detalhe. A secretária-geral do Movimento de Mulheres Indígenas do Conselho Indígena de Roraima (CIR), Telma Marques, explicou que todos os dias, para a entidade, são de luta e afirmação de direitos. “Acredito que a data é só uma representação simbólica. A luta é constante no sentido de ir à frente pelos direitos dos indígenas”, afirmou.
Telma crê que ainda não existem políticas públicas adequadas em relação ao tema. “É dever de todas as esferas de poder garantir a igualdade entre os povos, indígenas ou não. Precisamos, por exemplo, de educação adequada, isso a nível nacional, e lutar contra a discriminação”, disse.
A secretária explicou que o enfoque da entidade é o meio-ambiente. “Os povos indígenas hoje não fazem somente uma salvaguarda do meio ambiente para eles, mas para o homem como um todo. Cuidamos da mãe terra. O descaso que muitos têm com a questão ambiental é lamentável”, afirmou.
Tendo em vista o valor sagrado da Terra para os povos, a CIR busca, intermediando as lideranças nativas, representar grande parte do setor indígena no Estado. “Nossa intenção é debater com os representantes políticos e defender essas questões fundamentais para nós. Acreditamos que muita coisa não está sendo debatida ou está sendo ignorada por um motivo ou outro.”
A secretária do CIR exemplificou que uma das preocupações da entidade é o agronegócio. “As lideranças indígenas estão exatamente neste momento na Esplanada dos Ministérios, em Brasília, indo ao Congresso contra esse mal que vem contra os povos indígenas e à Nação. Posso citar como exemplo a PEC 215 de 2000. Um absurdo”, afirmou. A PEC, de autoria do então deputado federal Almir Sá, transfere a competência da União pela demarcação das terras indígenas para o Congresso Nacional. A proposta também possibilitaria a revisão das terras já demarcadas.
Outra mudança seria nos critérios e procedimentos para a demarcação destas áreas, que passariam a ser regulamentados por lei, e não por decreto administrativo, como é feito atualmente.
CIR – O Conselho Indígena representa 22 comunidades indígenas. Em cada um destes pólos há uma coordenação regional. “Os coordenadores trabalham de forma direta com suas comunidades. O Amajari, por exemplo, tem 18 comunidades. A região trabalha com as demandas dessas 18 comunidades perante o CIR”, explicou. A entidade busca um entendimento entre todas as comunidades para políticas públicas que beneficiem a todas.
Segundo dados da entidade, fazem parte do Conselho cerca de 54 mil de várias etnias. “Para se ter uma ideia, na nossa última assembleia, de número 44, só de lideranças tivemos uma média de 1.300 indivíduos. É um número expressivo. Temos consciência de que podemos e temos voz junto às instituições”, disse a secretária ao explicar que a organização proporciona a autonomia necessária para que as reivindicações dos povos indígenas do Estado de Roraima possam ser atendidas. (JPP)