A Federação de Trabalhadores e Trabalhadoras da Agricultura Familiar de Roraima (Fetraf-RR) promoveu, na manhã de ontem, reunião para discutir ações de fortalecimento das políticas de desenvolvimento da agricultura para 2016. O evento ocorreu na sede da entidade, localizada no bairro Sílvio Botelho, zona Oeste.
Além das metas para o próximo ano, a ação serviu para apresentar aos representantes dos 15 municípios do Estado um balanço de ações realizadas pela entidade nos dois primeiro anos de atuação da nova administração. “Essa reunião tem como finalidade básica a discussão das políticas de fortalecimento da agricultura familiar em Roraima, principalmente no que diz respeito à reestruturação dos nossos grupos de trabalho. Todas as propostas para esse plano serão discutidas com os representantes de sindicatos dos 15 municípios, para serem executados no próximo ano”, afirmou a presidente da entidade, Maria Alves.
Segundo ela, 2015 foi considerado um ano de importantes vitórias para a federação, sobretudo na promoção de atividades de capacitação para os trabalhadores da agricultura familiar, entre as quais destacam-se a ratificação estatutária dos sindicatos municipais e da própria entidade; promoção de oficinas de gestão financeira e módulos de formação; realização da I Marcha das Margaridas, voltada para as mulheres trabalhadoras; criação do Fórum de Educação no Campo; e reuniões junto às entidades rurais no interior.
“Antigamente, a Fetraf, que antes era chamada de Fetag, era limitada apenas às ações de gabinete. Hoje, com todas essas ações, a federação tem uma solidez rural, formando uma base de atuação direta com os trabalhadores. Isso significa uma atuação mais conjunta, mais próxima do agricultor rural, em que a entidade explica quais são os direitos e deveres que esses trabalhadores têm para com os sindicatos, com a agricultura familiar e consigo mesmo. Até porque, se não houver um planejamento alinhado, o setor produtivo nunca conseguirá se fortalecer no nosso Estado”, destacou.
Além da apresentação de resultados obtidos esse ano, a reunião marca ainda as ações de recomposição da diretoria-geral da Fetraf, uma vez que houve saída de alguns diretores. “A diretoria da Fetraf é composta por 22 membros, todos ligados à questão da agricultura familiar, que são justamente as pessoas indicadas pelos sindicatos nos municípios. Como nesse período de dois anos houve a desfiliação de alguns membros, há a necessidade de fazer esse preenchimento de vaga. Então, esse encontro terá não só o objetivo de estruturar o plano de ação para 2016, mas também recomposição toda a diretoria da federação”, frisou.
Outra finalidade do encontro foi a reestruturação dos grupos de trabalho executados no Estado. Para isso, houve a participação do presidente do Grupo de Trabalho Amazônico (GTA), Rubens Gomes, que falou das ações que serão feitas no próximo ano. “Roraima é um Estado que se diferencia de muitos outros, principalmente pelo fato de ser uma terra com vasto potencial de desenvolvimento econômico. No entanto, essa missão deve ser feita de maneira sustentável, até pelo propósito do GTA, que é a promoção de políticas socioambientais na Amazônia”, disse.
“Hoje, a entidade comporta mais de 600 organizações, em nove estados da Amazônia Legal, com entidades em 20 regionais. Uma das regionais é a Fetraf, que faz parte da regional Roraima do GTA. Por esse motivo, estou participando da reunião do conselho, para que a gente possa trabalhar em uma nova estratégia de recuperação do GTA Roraima”, destacou.
DESAFIO – Para Maria Alves, o principal desafio a ser superado para o próximo ano será a falta de apoio público para o desenvolvimento do setor, problema que predominou todo exercício de 2015 e que acabou inviabilizando a execução de alguns projetos da entidade.
“Infelizmente, o agricultor não dispõe da estrutura para se manter dentro da sua terra. Também falta apoio político para que a agricultura familiar se desenvolva. Nós estamos correndo atrás, buscando esse fortalecimento para o setor, junto com o sindicato dos técnicos e as entidades públicas, como a Secretaria Estadual de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), Agência de Defesa Agropecuária de Roraima ( Aderr), Embrapa e outras instituições”, salientou.
Outro problema a ser superado diz respeito à situação financeira da federação. Por conta da falta de planejamento, a entidade encontra-se em situação de inadimplência no Cadastro Informativo de créditos não quitados do setor público federal (Cadin). Apesar disso, a presidente da Fetraf ressaltou o empenho da administração em resolver a situação.
“Quando assumimos, nós encontramos uma Fetraf totalmente deficitária, com uma grande quantidade de problemas a serem resolvidos. Aos poucos, a gente tem conseguido reestruturar toda a parte administrativa. Financeiramente, nós ainda estamos com as contas no negativo. Isso inviabiliza de executarmos projetos e, para não deixar o agricultor familiar na mão, temos buscado trabalhar por meio de parcerias com outras entidades, com amigos e com a Contag (Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura). É assim que a gente tem feito até a situação estar sob controle”, destacou. (M.L)