Apesar da estagnação da economia brasileira, permanece estável o setor madeireiro em Roraima, ligado diretamente ao ramo da construção civil, um dos mais atingidos pela crise. As transações comerciais aqui continuam no mesmo patamar desde o ano passado, quando o País mergulhou numa crise político/econômica que atingiu todos os setores de produção.
Os empresários roraimenses do ramo buscam alternativas para driblar o difícil momento da economia nacional. É o caso da Madeireira Roraima, no Distrito Industrial, no bairro Aquilino Mota Duarte, na zona Sul da Capital. A procura por novos mercados foi a saída encontrada para evitar demissões e outras contenções de despesa.
O encarregado da madeireira, Magno Willian Souza Silva, de 39 anos, disse que a empresa exporta hoje para o Nordeste, em especial para a Bahia, e também para o Pará, Rio de Janeiro e Paraná. A empresa ainda compete no acirrado mercado regional, onde há mais de 30 serrarias de médio e grande porte.
A produção da Madeireira Roraima chega até 35 metros cúbicos de madeira serrada por dia. As vendas ocorrem principalmente por encomenda e a maioria é feita por empresários do ramo da construção civil. “O cliente faz a encomenda com a bitola específica e nós providenciamos. Os pedidos permanecem estáveis”, ressaltou o encarregado.
Há dois anos funcionando, a serraria conta hoje com 27 funcionários. Magno Willian garantiu que todos trabalham de acordo com as normas de segurança. A madeireira comercializa Angelin, Maçaranduba, Cupiúba e Caferana. “Mas tudo é feito com critério, como especifica as leis ambientais. Antes de cortar a árvore, por exemplo, apresentamos um projeto de manejo florestal aos órgãos competentes, que aprova e depois nos autoriza a fazer a extração da madeira. A empresa aqui paga a outra empresa para fazer a reposição florestal”, explicou o encarregado.
Boa Vista tem apenas quatro serrarias de grande porte funcionando no Distrito Industrial, mas estima-se que outras 30 estão a ‘todo vapor’ nos municípios do Sul do Estado, onde a extração de madeira é mais intensa.
Madeira representa 2,3% do PIB
No ano passado, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o setor madeireiro foi responsável por 2,3% do Produto Interno Bruto de Roraima (PIB). O setor da construção civil, diretamente ligado ao setor madeireiro, representa 73,8% do PIB.
LEGALIDADE – A extração de madeira é legal somente quando feita dentro dos 20% da área devidamente licenciada. Se o proprietário da terra derrubar a floresta no perímetro permitido de 20%, mas sem o licenciamento ambiental, a multa é de R$ 1 mil por hectare derrubado. Se a extração ocorrer dentro da reserva legal (fora dos 20% permitidos), a multa avança para R$ 5 mil por hectare derrubado. (AJ)
Investidores internacionais apostam na madeira brasileira
Investir em madeira brasileira pode render mais que uma aplicação em ouro. O anúncio parece exagerado, mas é a mensagem que dezenas de fundos de investimento estão lançando em países ricos, em busca de pessoas interessadas em aplicar seu dinheiro. Com o setor imobiliário implodido nos países ricos e dúvidas em relação a aplicações tradicionais, empresas apresentam segmentos alternativos, caso da madeira brasileira, como opção.
Outro fator que impulsionou o mercado madeireiro nacional foi a decisão do Governo Federal de lançar a construção de casas populares, que também exigiriam o fornecimento de madeira, com o programa “Minha Casa, Minha Vida”, mas com a suspensão, o setor declinou em todo País.
A indefinição também sobre o Código Florestal no Brasil e obstáculos legais chegaram a causar uma fuga de investimentos no setor, com cálculos que apontam que até US$ 6 bilhões teriam deixado de ser investidos no País nos últimos anos.
Ainda assim, diante das perspectivas, empresas estrangeiras da Suécia, EUA e vários outros países prometem a seus clientes no exterior um retorno de 5% a 14% para quem investir em eucalipto, acácia ou outras madeiras no Brasil, sempre com a promessa de que a gestão do produto será feita de acordo com as leis ambientais locais. (AJ)