“Ser mãe de um filho especial nos obriga a ter que se doar em dobro. Viramos guerreiras, porque criamos forças de onde não tem, sem limites para serem alcançados”. É dessa forma que a funcionária pública, Marlene Lira dos Santos, mãe do jovem Jorge dos Santos, de 21 anos, que possui alto grau de autismo, define o sentimento de ser mãe.
No Dia das Mães, a ser celebrado neste domingo, 08, a Folha conta a história de exemplo e superação de Marlene, que enfrentou muitos desafios e se viu obrigada a recomeçar do zero para conseguir criar o único filho.
Ela descobriu a doença de Jorge aos dois anos e meio, a partir do momento em que percebeu que o filho não reagia como uma criança normal. “Eu falava com o Jorge e ele fazia de conta que não me ouvia, só ouvia aquilo que interessava a ele. Era como se não tivesse conhecimento sobre as coisas, ele queria saber o nome de tudo e tinha muita curiosidade”, disse.
Aos 7 anos, o filho sequer falava e a mãe pediu ajuda de especialistas, que fizeram avaliações e o diagnosticaram com autismo. “O médico teve a responsabilidade de ver se realmente era aquilo. Ele foi classificado com grau clássico de autismo e parti para o acompanhamento, porque se não tem acompanhamento desde cedo com tratamento com psicólogo, fonoaudiólogo e tudo aquilo que a criança necessita, ela não se desenvolve nunca”, frisou.
A funcionária pública optou pela liberdade dada ao filho como forma de tratamento para que ele não se isolasse do mundo. “Não adianta ter um filho especial, trancar dentro de casa, não mostrar o mundo ali fora para ele e dizer que ele precisa de atendimento. Não adianta isolar, porque o isolamento não te ajuda em nada, ao contrário, só traz mais preocupação, porque a convivência fica difícil”, afirmou.
Mesmo diante das dificuldades, Marlene nunca perdeu as forças para lutar pelos direitos do filho. “Nós, como mães, brigamos e lutamos pelos direitos dos nossos filhos, porque eles têm direitos. Se não corrermos atrás de bons profissionais e ficarmos de braços cruzados, nada vai acontecer. São todos dependentes e a nossa intenção é deixá-los independentes para eles seguirem com a vida”, declarou.
A descoberta da doença do filho mudou os planejamentos da mãe e a obrigou a ter que se doar em dobro na criação. “Quando você fica grávida, espera um filho e planeja que ele estude e tenha o melhor. Quando de repente descobre que é mãe de uma criança especial, o seu mundo desaba. Porque, primeiro que é algo novo, quando temos que aprender tudo do zero, tem que procurar educar de outra forma e esperar para ver até onde o limite dele vai”, explicou.
Para Marlene, ser mãe é uma mistura de sentimentos recompensantes. “Ser mãe é ter carinho, amor, afeto. É uma coisa tão ampla que é difícil classificar o que é ser mãe. Apesar de tudo, é uma recompensa grande porque seu amor é em dobro. Como mãe, não tenho palavras para descrever o carinho que sinto pelo meu filho”, frisou. (L.G.C)