Quando era mais jovem, Raimunda Seles, de 44 anos, dedicou a maior parte da vida para a criação da filha. Depois de 20 anos sem estudar, ela voltou para a sala de aula na Escola do Legislativo – Cursos Preparatórios, Unidade Silvio Botelho, onde já fez cursos de Inglês, Espanhol e Assistente Administrativo.
Pela manhã, Raimunda mergulha nos estudos e à tarde acompanha a filha Rebeca Castelo, de 12 anos, para as aulas de balé e coral no programa Abrindo Caminhos. Para ela, hoje a realização pessoal acontece em dose dupla. “A minha filha está amando as aulas. Sonha até em se apresentar fora do Estado. Quem sabe? Quem acredita e se dedica, alcança”, disse. Rebeca relata que a mãe é uma referência nos estudos. “Uma inspiração. Minha mãe é tudo para mim, minha amiga e parceira”.
Quando Raimunda começou a estudar, estava muito insegura por conta da idade. Hoje isso mudou, e a próxima meta dela é prestar o vestibular para o curso de Psicologia. “Às vezes, a gente não tem um apoio e, aqui, na Escola, temos incentivo dos professores e material didático”, disse.
Duas vezes mãe
Nem todas as famílias são compostas apenas por pai, mãe e filhos. E quando a figura da mãe é ausente, outras pessoas podem ocupar esse papel na vida das crianças: uma tia, madrasta ou uma avó, como Márcia Lima, 44 anos, que cria a neta Eslyne Ribeiro, cega desde os nove meses de vida.
A menina foi diagnosticada com retinopatia da prematuridade, uma doença ocular em bebês prematuros. “Ser avó e mãe é um amor dobrado, não tenho palavras para explicar. A proteção é dobrada. Eu tenho muito zelo por ela”, disse.
A menina de 14 anos participa há um ano das aulas de coral no Abrindo Caminhos, programa da Assembleia Legislativa de Roraima. Segundo Márcia, depois que a adolescente começou a cantar e a conviver com as outras crianças, melhorou na interação e na comunicação com todos. “Eu vejo que mudou muito para Eslyne. Depois que ela foi recebida pelo Abrindo Caminhos, mudou a dicção, o modo de falar”, disse, orgulhosa.