Cotidiano

Maior do que a média nacional, RR sofre queda de 41% na venda de veículos

De acordo com a Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores, média nacional chega a 28%

Dados da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave) revelam que o País sofreu uma queda considerável na venda de veículos automotores no primeiro trimestre de 2016 com relação às estatísticas dos meses de janeiro, fevereiro e março do ano passado.

Em comparação com dados de 2015, a venda de veículos sofreu uma queda de 28% no primeiro trimestre deste ano. Segundo o relatório da Fenabrave, os dados de emplacamento de 2016 em todo o Brasil resultam em somente 481.390 mil unidades, contra 674.384 mil nos três primeiros meses de 2015.

Em Boa Vista, a estimativa é que esse número seja ainda maior. No primeiro trimestre de 2015 foram emplacados 1.344 veículos e, comparando com o mesmo período em 2016, somente 788 unidades veiculares foram emplacadas no Estado.

Segundo Jean Rodrigues, gerente geral de uma concessionária de veículos localizada no Centro da cidade, o impacto da queda na venda de veículos em Roraima gira em torno de 41%. “Em nível nacional a queda foi por volta de 30%. Em Roraima, o número foi ainda maior. A queda chegou a quase 45% para todas as marcas de automóvel, o que é uma queda considerável”, avaliou.

De acordo com Rodrigues, a estimativa de vendas para o mês de março costumava ser muito maior do que foi visto este ano. “Naturalmente, essa crise política e econômica afeta muito os nossos negócios de veículos por que trabalhamos exclusivamente com a oferta de crédito. Se fosse por um período rápido, pelo menos. Mas isso vem acontecendo desde o ano passado”, reclamou.

MOTOCICLETAS – Já segundo Débora Silva, gerente de vendas de uma concessionária de motocicletas localizada no bairro São Francisco, zona Norte da Capital, o impacto não foi tão sofrido para o mercado de venda de motos. “A gente não sentiu tanto em razão de os clientes de [veículos] quatro rodas terem migrado para as concessionárias”, disse Débora. “Mas ainda assim, a estimativa é que houve uma redução por volta de 25% de vendas em Roraima”, especulou.

A gerente acredita que a queda de vendas é um reflexo de diversos pontos, como a falta de oferta de crédito dos bancos ao consumidor, a falta de investimento dos lojistas e a apreensão do cliente em adquirir uma conta nova, provavelmente parcelada em vários meses. “Quando você fala em bens duráveis, que é o caso de uma motocicleta, o caso de um carro, o compromisso que você faz não é para um pagamento imediato, normalmente é um compromisso que você faz em médio prazo”, analisou Débora.

“O consumidor não sabe se vai assumir um compromisso e fica com medo de depois não conseguir honrar. O próprio lojista, que investe um dinheiro maior para formar um estoque, está com medo de investir e não conseguir recuperar. Nem o empresariado está se sentindo confortável para fazer o investimento, nem o consumidor de fazer um compromisso em médio prazo”, avaliou a gerente.

Este é o caso do técnico em informática Leonardo Rocha. Preparando-se para comprar a sua primeira moto, Leonardo decidiu aguardar um pouco mais antes de aplicar o dinheiro que havia guardado. “Eu juntei uma parte e pretendia comprar uma moto por meio de consórcio por ser uma alternativa mais viável para mim”, revelou o técnico. “Mas agora vou esperar um pouco mais para decidir se uso o dinheiro que juntei ou se guardo para comprar um carro usado ou à vista depois”, informou.

MEDIDAS ALTERNATIVAS – Com a baixa no volume de vendas, as concessionárias estão buscando medidas alternativas para reconquistar o consumidor. Lançamentos de novos veículos, redução de taxas de juros, criações de novas parcerias com bancos e ofertas de novos planos são algumas das decisões tomadas pelos fabricantes para não perder a clientela.

“O consumidor está migrando para o consórcio por ter tarifas menores, porque não tem taxa de adesão e uma série de outras questões favoráveis. Ao nosso favor, o fabricante não fica parado. Ele busca materiais alternativos, novas tecnologias, peças mais baratas e uma manutenção menor para se adequar e atender ao mercado”, finalizou Débora. (P.C)