Cotidiano

Mais de 100 casos de homicídio esperam por elucidação em RR

Segundo o Instituto de Criminalística, mais de cem casos envolvendo assassinatos, desaparecimentos e estupros estão sem conclusão no Estado

Mais de cem crimes envolvendo assassinatos estão à espera de serem concluídos pela Delegacia-Geral de Homicídios (DGH) em Roraima pelo fato de o Estado não contar com um laboratório de análise de DNA, o que ajudaria a elucidar os casos, que também são relacionados a desaparecimentos e estupros.

Segundo o Instituto de Criminalista de Roraima (ICR), restos mortais de cerca de 40 são armazenados em caixas de papelão, no Instituto Médico Legal (IML) de Boa Vista, por conta da falta de estrutura e de equipamentos para realizar a análise do material genético, que têm que ser enviados para outros estados.

Conforme a perita do Instituto, Andreia Santana, os casos em aberto acumulam sem laboratório para análise. “Temos desde vestígios em locais de crimes, como ossadas humanas e casos diversos. A maioria desses casos não tem suspeitos e não tem prioridade, porque não tem laboratório”, disse.

A perita explicou que a unidade seria importante para elucidar os casos de forma mais rápida. “Temos hoje no Brasil o banco de dados de desaparecidos, onde são feitos os processamentos de amostras de DNA e colocados no perfil genético. A partir daí há um cruzamento desses dados, que ajudariam na resolução dos crimes”, destacou.

Um exemplo das dificuldades enfrentadas pelos peritos devido à falta de laboratório foi o assassinato, em 2014, do jovem Alexandro dos Santos Souza, de 23 anos, que só foi solucionado este ano. “Nesse caso, tivemos que utilizar equipamentos de um laboratório em Belém. Se tivéssemos processado essa análise aqui, poderíamos cruzar os dados dele com familiares e não teríamos que esperar dois anos para concluir o caso”, explicou.

Além de Belém (PA), as análises são feitas em laboratórios do Amazonas. “Temos que correr atrás para fazer esse trabalho, que gera custos. O governo tem que disponibilizar passagens e diárias, além de termos que ficar na dependência de um interesse maior”, disse.

Ela informou que os peritos tentam, há nove anos, implantar um laboratório no Estado, mas sem sucesso. “Nós fizemos um projeto que já foi inclusive aprovado, mas o Estado não conseguiu a contrapartida. Com a crise do Governo Federal, estamos brigando para conseguir os equipamentos”, disse.

Polícia Civil diz que exames são feitos no Amazonas e Belém

Em nota, o Departamento Administrativo da Polícia Civil informou que, por hora, não há previsão de instalação de um laboratório de análise de DNA em Roraima, uma vez que dois estados do Norte (Amazonas e Belém) estão credenciados para realizar esse tipo de estudo.

De acordo com o diretor do Departamento Administrativo da Polícia Civil, delegado Jimmy Santana, foram criados laboratórios regionais, onde o do Estado do Amazonas presta apoio ao Instituto Médico Legal de Roraima. E no caso de haver alguma impossibilidade, o do estado de Belém também está disponível.

Ele ressaltou que o custo de manutenção desse tipo de laboratório é muito superior ao da emissão de passagens aéreas para que os peritos realizem as análises nesses dois Estados do Norte que têm laboratório de análise de DNA. (L.G.C)