Cotidiano

Mais de 100 tartarugas são resgatadas em operação no baixo Rio Branco

Armas, munições e peixes também foram apreendidos durante ação que foi realizada neste mês

Uma operação realizada pela Fundação Estadual do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Femarh), conseguiu apreender mais de 109 tartarugas, 30 malhadores e 4 pequenas embarcações. Durante a operação também foram encontradas armadilhas, conhecidas como caça sacos, redes feitas com cordas e malhas grossas que ficam no leito do rio. Elas podem medir até 400 metros e, além de tartarugas, podem pegar também outros animais grandes, como botos e peixes-boi.

Também foi apreendida uma arma de grosso calibre e munição e duas pessoas foram conduzidas à delegacia. Neste mês, período de Piracema na região do baixo rio Branco entre os rios Catrimani, Anauá e Agua Boa, foram feitas duas grande apreensões, onde mais de 209 tartarugas e 250 quilos de peixe forma encontrados com traficantes.


Tartarugas foram resgatadas em operação – Foto: Divulgação

Ambas as operações contaram com colaboração da Companhia Independente de Policiamento Ambiental da Polícia Militar, da Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente da Polícia Civil, do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis e do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) além da Força Nacional.

A Operação está sendo realizada entre a vila de Santa Maria do Boiaçu e a cidade de Caracaraí, no Baixo Rio Branco, Sul de Roraima. Ela deve continuar até o final do período de Piracema, época considerada crítica. Nesse período, grandes praias no Rio Branco se formam em função da descida no nível do rio. Esses tabuleiros de areia branca são usados pelas tartarugas para desovar. Cada fêmea pode botar até 150 ovos, que são enterrados na areia e começam a eclodir em fevereiro. 

A situação é aproveitada por ribeirinhos e traficantes de animais: a tartaruga é um prato típico para os amazônidas. “Vale ressaltar que estamos fazendo patrulhamento e fiscalização durante 30 dias da piracema nesta região e o objetivo é manter a preservação desses animais que sofrem muito com a pesca ilegal.A desova geralmente ocorre durante a noite e as tartarugas chegam bem debilitadas, pois nadaram contra a correnteza. Os traficantes, chamados de “tartarugueiros”, aproveitam para capturar os animais em cercados improvisados próximos às praias. Nosso objetivo é cuidar e proteger” explicou o presidente da Femarh, Glicélio Fernandes.  

Maus tratos

Os animais encontrados, como tartarugas-da-amazônia (Podocnemis expansa) e tracajás (Podocnemis unifilis), estavam em currais, áreas onde são deixados pelos caçadores até o momento de embarcá-los e levá-los até a cidade de Caracaraí ou ao Estado do Amazonas. Os técnicos alertaram que algumas tartarugas morreram durante a captura ilegal ou em decorrência dos maus-tratos. As demais tartarugas foram soltas perto de onde haviam sido encontradas.

As tartarugas aguentam ficar entre duas ou três horas submersas, mas permanecem mais tempo do que isso quando estão presas nas redes e morrem afogadas. As maiores, como ficam colocadas de costas para não fugir, sofrem desidratação e pressão dos órgãos sobre o pulmão. Elas são asfixiadas.
Segundo informações de técnicos da Femarh, duas pessoas foram detidas e estão sendo levadas para a delegacia. Os suspeitos serão interrogados e assinarão um Termo Circunstancial de Ocorrência (TCO). 

Baixo Rio Branco

O Baixo Rio Branco é uma das principais áreas de reprodução da tartaruga-da-amazônia. Segundo a Femarh, nos meses de outubro a fevereiro as tartarugas, tracajás da amazônia, cabeçudas, irapucas e iaçás sobem para as praias ao longo do rio. Lá elas põe até 60 ovos cada. Os ovos levam 60 dias para eclodir. O nascimento de mais de 700 mil filhotes em um único ano já foi registrado na região.