As estradas vicinais no Estado estão com pouca acessibilidade devido à precariedade das pontes de madeira em todos os municípios do interior, segundo informou a defesa Civil Estadual. Algumas pontes foram destruídas pelo fogo no início do ano, outras caíram pela falta de manutenção e a grande maioria está precisando urgentemente de reparos e até reconstrução total. Isso levou os municípios de Caracaraí e Amajarí a entrarem com pedido de situação de emergência junto à Secretaria Nacional de Defesa Civil.
Até o momento, nos sete municípios em que a Defesa Civil Estadual encerrou a vistoria das pontes, o resultado aponta que pelo menos 186 pontes de madeira estão em situação precária e que precisam de reparos urgentes. Os municípios vistoriados foram Uiramutã, Amajarí, Caracaraí, Mucajaí, Bonfim e Cantá, que totalizaram 170 pontes danificadas, além do município de Normandia, este último encerrado esta semana e que o relatório ainda não foi entregue, mas que das pontes vistoriadas 16 apresentaram problemas de manutenção.
“A maioria destas pontes, em todo o Estado, precisa de imediata intervenção, ou para reconstruir ou para reformar”, disse o coordenador Executivo Estadual de Proteção e Defesa Civil, coronel Cleudiomar Ferreira. “São pontes que estão a mais de quatro anos sem manutenção e nem reparos”, afirmou.
O trabalho iniciou este ano e a pretensão da equipe da Defesa Civil é encerrar as vistorias nas vicinais dos municípios de Boa Vista, Iracema, São João da Baliza, São Luiz do Anauá, Rorainópolis, Alto Alegre, Pacaraima e Caroebe.
“Ao final dos trabalhos de cada município é feito um relatório e encaminhado a Seinf (Secretaria Estadual de Infraestrutura), destacando aquelas pontes que precisam de intervenção emergencial e que temos uma boa parceria para realizar estas obras, que envia o relatório para o governador e solicitando liberação de verbas para em caráter emergencial”, disse. “Sabemos que isso é de competência dos municípios, já que se trata de vicinais, mas conhecemos a situação das prefeituras que não têm condições financeiras para fazer as obras. E também enviamos os relatórios para as prefeituras para que, caso o prefeito queira entrar com pedido de emergência, o relatório deve estar anexado ao pedido, por exigência da Secretaria Nacional de Defesa Civil”, afirmou.
Ele informou que na semana passada houve treinamento para servidores da Prefeitura de Normandia, para que o prefeito possa nomear a defesa Civil do Município. “Todos os municípios têm que ter a sua Defesa Civil para poder haver as vistorias e balizar o decreto de emergência”, disse.
Governo diz que responsabilidade pelas pontes é dos municípios
Em nota, a Seinf informou que recebeu até agora os relatórios referentes a cinco delas, sendo três em Caracaraí e duas em Mucajaí.
Entretanto, devido à situação de calamidade financeira pela qual passa o Estado e o bloqueio da Cide (Contribuição sobre Intervenção de Domínio Econômico), feito pelo Ministério dos Transportes, segundo o governo anunciou novamente, em consequência de irregularidades na gestão passada, ainda não dispõe de recursos para a reconstrução das pontes que precisam de reparos. Roraima tem mais de 9 mil quilômetros de estradas vicinais e cerca de 2.500 pontes de madeira, as quais os municípios não conseguem dar a manutenção necessária sozinhos e o Governo está buscando meios para atender à grande demanda que existe em todo o Estado. “Governo do Estado reitera que, apesar de uma decisão do Tribunal de Justiça determinar que a responsabilidade pela manutenção e recuperação de vicinais e pontes seja dos municípios, dentro de suas possibilidades financeiras, irá ser parceiro das prefeituras na busca de solução para sanar esses problemas e deverá definir em conjunto com os deputados quais as vicinais e pontes serão atendidas com os recursos destinados pelas emendas parlamentares”. (R.R)
Municípios em situação de emergência aguardam reconhecimento
O coordenador Executivo Estadual de Proteção e Defesa Civil, coronel Cleudiomar Ferreira, falou que mais municípios serão vistoriados
Os municípios de Caracaraí e Amajarí decretaram situação de emergência por conta dos danos nas pontes de madeira devido às queimadas e incêndios acontecidos no período da estiagem. Em Caracaraí pelo menos seis pontes queimaram durante os incêndios. Uma delas, que liga a região da vila do Tojubim, de aproximadamente 25 metros. O decreto cita as dificuldades dos moradores das regiões atingidas e do município em executar as obras de recuperação das pontes.
“Esse decreto foi dado entrada no início do mês de abril pela Prefeitura de Caracaraí junto à Secretaria Nacional da Defesa Civil, mas até o momento não foi reconhecido. A prefeitura pede R$ 648 mil, um valor que não é tão alto, considerando que se as pontes não forem consertadas vão causar prejuízos e transtornos bem maiores à população”, disse o coordenador Executivo Estadual de Proteção e Defesa Civil, coronel Cleudiomar Ferreira.
“Embora que, como o pedido ainda não foi nem reconhecido, mesmo que saiam os recursos, as obras nas pontes iniciarão só depois de passar o inverno”, afirmou.
Outro município que decretou situação de emergência foi o Amajarí. Pelos mesmos motivos apresentados por Caracaraí. Segundo informou a Defesa Civil Estadual foram quatro pontes queimadas e 16 danificadas naquele município no período de incêndios.
“Algumas pontes foram completamente destruídas pelo fogo, outras foram apenas danificadas e que precisam de recuperação, reparos e até de reconstrução, e para isso a Prefeitura cita um milhão para as obras no decreto de emergência”, disse.
A reportagem tentou contato com as prefeituras e assessorias do Amajari e Caracaraí, mas não teve sucesso e nem houve retorno.
O coronel Cleudiomar Ferreira afirmou que outros municípios, a exemplo de Mucajaí, Uiramutã, Caracaraí, Mucajaí, Bonfim e Cantá, ainda não decretaram situação de emergência, devido à queima e quebra de pontes, embora a situação seja crítica nestes municípios e em todo Estado.
“Na verdade, as pontes de todo o Estado estão em situação crítica, devido à falta de manutenção nos últimos quatro anos. As duas pontes que entraram em colapso e ruíram, na região do Tamandaré, na Vila Serra Dourada, foi por falta de manutenção ao longo do tempo. E às vezes é coisa simples, como trocar uma peça ou um dos pilares”, afirmou. “Isso deixou os moradores daquela região sem passagem para carros”, complementou.
Ele explica que sem a manutenção e com o início do período de chuva, as pontes ficam mais pesadas por causa da madeira encharcada.
“Dá para ver que assim o nível do rio subiu e a primeira ponte caiu com o peso de uma caçamba, já a segunda ponte caiu sozinha, nem o igarapé havia subido”, afirmou. (R.R)