Em duas décadas, a população mundial pode ter 642 milhões de diabéticos. A projeção feita pela Sociedade Brasileira de Diabetes relaciona a prevalência da doença a diversos fatores urbanos, seja pelo aumento do sedentarismo, excesso de peso e envelhecimento populacional, além da sobrevida dos indivíduos com diabetes.
No Dia Mundial do Diabetes, celebrado nesta quarta-feira, 14, especialistas demonstram preocupação com o aumento de pessoas acometidas pela doença e a falta de mudanças no comportamento individual que podem diminuir os riscos de aparecimento do diabetes. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), já são 422 milhões de pessoas adultas em todo mundo com a doença.
Anualmente são 1,6 milhões de mortes diretamente ligadas ao diabetes. O tipo 2, que representa em torno de 90% dos casos da doença estão relacionadas com sobrepeso ou obesidade, além da falta de atividades físicas. A OMS calcula que um em cada três adultos com mais de 18 anos estão acima do peso. A obesidade está em um a cada dez habitantes.
“É uma doença extremamente prevalente na população. O tipo 2 acomete mais pessoas adultas, normalmente que não têm hábitos muito saudáveis. Junto com o sedentarismo e vai se transformando em algum tipo de alteração no corpo e acaba desenvolvendo a diabetes e surge as complicações, que são várias”, explicou o endocrinologista Edson Bussat.
O médico apontou que o diabetes geralmente é uma doença silenciosa e pode apresentar os sintomas anos mais tarde, o que demonstra a importância da prevenção e a necessidade de fazer exames regularmente, onde o pré-diabetes pode ser controlado através de práticas comportamentais mais saudáveis.
Bussat enfatizou que a idade de pessoas acometidas pelo diabetes tipo 2 está reduzindo a cada ano, justamente pelo aumento da população obesa no Brasil. Segundo ele, esse novo perfil é preocupante já que a doença causa danos profundos e permanentes. Cegueira, amputação de membros, problemas renais, Acidente Vascular Cerebral (AVC) e infarto estão entre os problemas ocasionados.
“De cada 100 cegos, 50% são por causa de diabetes. É uma doença que causa lesão renal irreversível, a pessoa desenvolvendo insuficiência renal crônica e vai depender de hemodiálise ou um transplante”, destacou.
TIPO 1 – Já o diabetes tipo 1, é diagnosticado em crianças até os dez anos de idade. Bussat explicou que a doença nesse perfil é caracterizada por questões imunológicas da própria criança, onde o sistema não produz insulina e precisa de reposição durante toda a vida.
“Nesse caso, o pâncreas destrói todas essas células progressivamente e não produz mais a insulina. Passa a não reconhecer partes do corpo e acha que é algo estranho, então os anticorpos vão lá e destroem essa parte. São pessoas totalmente dependentes da insulinoterapia até que haja algum outro tratamento nesse sentido”, relatou.
GESTACIONAL – Nesse caso, o médico explicou que acontece somente durante o período da gestação e que após o parto, a possibilidade de desaparecimento da doença é alta. As mudanças hormonais são os fatores que ocorrem para esse aparecimento, contudo, se a mulher está acima do peso, é possível que a doença continue (no tipo 2) mesmo depois do nascimento da criança, o que ocorre em 15 a 25% dos casos.
Mudança comportamental é principal meio para evitar diabetes
Para o especialista, há maneiras de diminuir o número de casos propensos à doença. O primeiro deles é a mudança de comportamento, com a introdução de atividades físicas e a diminuição do sedentarismo. Dentre essas mudanças, diminui também as chances de diabetes por questões genéticas, de pessoas que podem desenvolver o diabetes, tanto tipo 1 ou tipo 2.
Segundo, a ampliação de informações sobre o debate é essencial, tanto por meio de políticas públicas e de campanhas que incentivem a conversa sobre a importância dos exames. Além dessas premissas, o apoio familiar é fundamental principalmente por serem doenças que se arrastam até o final da vida.
“Isso tem que começar já na atenção básica, tem coisas que podem ser evitadas. Mas falta apoio para esse tipo de iniciativa porque tem que ser uma orientação permanente. Diabetes tipo 2 pode ser evitada, isso já com melhoria na merenda escolar das crianças e educação sobre a doença, é dessa maneira que vamos mudar a mentalidade da nossa população”, encerrou.
Em dois anos, Coronel Mota já recebeu mais de 30 mil atendimentos
De acordo com a Secretaria Estadual de Saúde (Sesau), na Clínica Especializada Coronel Mota (CECM), os pacientes diabéticos recebem atendimento como endocrinologia, cardiologia, entre outras especialidades, dependendo de cada caso, isso após seu encaminhamento da atenção básica. Em 2017, foram 17.646 atendimentos a diabéticos na Clínica e neste ano, até setembro, já foram recebidas 13.798 atendimentos, totalizando 31.444 atendimentos.
A Sesau foi questionada se haveria alguma programação especial para o Dia Mundial do Diabetes, não obteve resposta.