Vida nova: Esse é um dos sentimentos relatados pelas pessoas que venceram o Coronavírus (COVID-19). Em um momento onde milhares de famílias têm aprendido a reinventar o jeito de conviver em sociedade, a esperança toma conta de quem recebeu o diagnóstico positivo para a doença e venceu a batalha contra o vírus. Assim é para a família da enfermeira Simone Raiol de Queiroz, de 47 anos. Ela, o marido e o filho estão entre os 474 recuperados da COVID-19 em Roraima.
“Comecei sentindo calafrio, depois dor de cabeça, mau-estar e cansaço. Fiz a coleta do exame Swab e o resultado foi positivo. Nessa hora fiquei triste, respirei fundo para não chorar, avisei a minha família. Eles ficaram muito preocupados, com medo do que poderia acontecer. A partir daí, recebi a medicação e fiquei em casa isolada no quarto. Foram quatro dias complicados, porque o organismo não reagiu bem à medicação e nesse meio tempo meu marido apresentou os sintomas e também recebeu diagnóstico positivo”, relata.
No quinto dia, a enfermeira foi internada no HGR (Hospital Geral de Roraima), porque não conseguia se alimentar e apresentou baixa na imunidade. “Meu marido foi internado no dia seguinte. Passei 11 dias internada, sem contato com a minha família e o ruim é que depois de dois dias de internação, meu marido passou mau e foi para a UTI, onde ficou 19 dias. Eu recebi alta e ele continuou no hospital. Foi um dos momentos mais difíceis para mim, porque não podia vê-lo e nem ter contato com meus filhos. Foi nessa hora que clamei a Deus e pedi ajuda para ficar bem e ter forças para cuidar da minha família”, lembra.
Ela conta que os dois filhos ficaram em casa em observação e, dias depois, um deles testou positivo, com sintomas leves para a doença. “Nossa família estava perto e ao mesmo tempo muito longe, porque mesmo depois da alta hospitalar, passei mais 14 dias em isolamento. Só depois de um mês conseguimos ficar com a família reunida. Hoje, estamos mais unidos e com muita fé em Deus. Ele nos permitiu uma nova vida para nós e só temos a agradecer pela nossa saúde”, enfatiza.
Conforme a enfermeira, o apoio da equipe de saúde foi fundamental para a recuperação da família. “Foi graças ao cuidado e apoio de cada pessoa da equipe multiprofissional do HGR que conseguimos superar. Naqueles momentos eles nos ouviam, nos acalmavam, uma ajuda incondicional, anjos nas nossas vidas naquele momento”, agradece.
Sentimento de renovação também para a família do fisioterapeuta intensivista Gilgleidson Silva Sousa, de 37 anos. Ele e a esposa testaram positivo para a COVID-19. Ele chegou a ser internado por um dia, para ser reidratado.
“Quando recebi o resultado fiquei assustado, porque tive todos os sintomas e cheguei a perder seis quilos em nove dias. Fiquei bem debilitado e, para completar, minha esposa testou positivo no mesmo período. O isolamento foi a fase mais difícil porque eu e ela não tínhamos como nos isolar e ficar afastados dos nossos filhos. Foi um momento de muita ansiedade. Eu cheguei a perder noites de sono com medo de que as crianças fossem contaminadas”, detalha.
Para o fisioterapeuta, a melhor saída foi cuidar também da saúde mental. “Hoje, com tanta correria em busca da ascensão profissional, vivemos acelerados, à procura de conquistas. E essa experiência serviu para a gente desacelerar, nos aproximar mais de Deus e aprender que não somos nada sem Ele. Assim, eu fui vivendo um dia de cada vez. Minha maior felicidade foi ver a cada manhã meus filhos correndo, saudáveis e sem apresentar sintomas. Deus nos ajudou nesse momento difícil e nos abençoou. Hoje me sinto bem melhor e sonho em poder voltar e me dedicar mais do que me dedicava antes, para ajudar as pessoas que precisam”, desabafa.
Sentimento de vitória também para a família da Lucelene de Oliveira Silva, de 49 anos. A missionária, o marido e o filho testaram positivo para a COVID-19. “O mais difícil é pensar em precisar de ajuda e ter a preocupação de não contaminar ninguém. O distanciamento familiar dói muito, mas é uma medida totalmente necessária, por amor aos familiares. Mas a todo o momento, senti o apoio de amigos, família e irmãos em Cristo, que me ajudaram trazendo comida (pois não tinha condições físicas e emocionais de fazer nada), orando e intercedendo por toda a minha família”, afirma.
Ela conta que o marido ficou internado. Nesse período, em casa com os filhos, redobrou as orações. “Eu meditava na Bíblia todos os dias com meus filhos. Mesmo distantes, sem poder abraçar e beijar, nós orávamos juntos e sentíamos que Deus estava cuidando de cada um e agradecíamos por mais um dia vencido. Quando ele teve alta, ainda em recuperação, recebi alta no mesmo dia que ele saiu do hospital. Foi maravilhoso, um dia memorável, nem consegui chorar de alegria, pois já tinha chorado muito. Sentia Deus cuidando de nós o tempo todo. Lembrava de alguns vídeos que tinha visto de pessoas que tinham sido curadas e de verdade isso me encorajava”, conta.
Em Roraima, a Sesau (Secretaria de Saúde), por meio do Cievs (Centro de Informações Estratégicas de Vigilância em Saúde), monitora os registros da doença conforme prevê o Plano de Contingenciamento para o Enfrentamento do Coronavírus no Estado. As informações são atualizadas diariamente no Boletim Epidemiológico, com dados sobre os casos confirmados, descartados, recuperados e óbitos.
Segundo o secretário de Saúde, Olivan Junior, perceber que o plano de trabalho realizado nas unidades hospitalares tem contribuído para a recuperação de pacientes, é a certeza de que a gestão está no rumo certo. “Relatos como estes nos deixam otimistas e convictos de que é possível vencer os desafios e prestar um serviço público de qualidade e garantir que vidas sejam salvas”, enfatiza o secretário.