Em 2017, foram 6.715 furtos registrados por meio de boletins de ocorrências (BOs) nas delegacias de Polícia Civil de Roraima, média de quase 600 por mês. Os números repassados pela Secretaria Estadual de Segurança Pública (Sesp) apontam crescimento de 5% nos crimes do tipo, quando não há emprego de violência, em comparação ao ano anterior, quando foram registrados 6.419 furtos no Estado.
A comerciante Fernanda Paiva entrou para as estatísticas ao ser vítima de furto em plena luz do dia. O veículo pertencente ao marido dela estava estacionado em frente à Feira do Passarão, no bairro Caimbé, lugar de grande movimentação, mas nem isso impediu que os criminosos arrombassem o carro e levassem sua bolsa com documentos e pertences.
“O local onde estava o carro tinha pessoas perto. Os ladrões foram muito audaciosos e nos chamou a atenção porque não se importaram com o fato de ter pessoas por perto. Foi 11h30 da manhã, o carro estava trancado, alarme ligado, realmente deixei a bolsa dentro do carro escondida, mas ainda assim fui vítima”, relatou.
O bairro onde Fernanda foi furtada é apenas o décimo onde mais ocorre esse tipo de crime em Boa Vista. O Centro, com 511 ocorrências; o Senador Hélio Campos, com 351 furtos; o Cidade Satélite, com 300 casos; o Asa Branca, com 247; e o Pintolândia, com 169, lideram a lista.
Para o delegado titular do Departamento de Polícia Judiciária da Capital (DPJC), Alexsander Lopes, a imigração venezuelana é um dos fatores que tem contribuído para o aumento no registro de furtos em Roraima. “Temos muitos estrangeiros que cometem pequenos delitos por necessidade. Ainda assim, a maioria dessas infrações é praticada por foragidos do sistema prisional”, destacou.
O delegado citou o caso de um elemento flagranteado 11 vezes por furto em Mucajaí, município na região centro-oeste do Estado. “Nós temos identificado essas pessoas e realizado as prisões, mas esses crimes que não têm violência geralmente o juiz solta nas audiências de custódia, muitas vezes por não ter o conhecimento de todos os crimes praticados por aquela pessoa”, disse.
A sensação de impunidade por parte dos infratores, segundo Lopes, também acaba contribuindo com o aumento de furtos no Estado. “Estava grampeando uns criminosos e pegamos uma menina com 22 passagens pela Polícia, e o traficante falou para ela não pagar advogado porque sairia na audiência de custódia e saiu. É importante destacar que o alto número de furtos não quer dizer que há o mesmo número de criminosos, muitos são reincidentes nesse crime”, declarou.
SEGURANÇA – A onda de furtos tem levado muitos moradores, principalmente os que residem em bairros mais afastados da zona oeste, a investirem cada vez mais em segurança nas residências. Para os que possuem condições financeiras, o delegado Alexsander Lopes afirmou que a melhor maneira de inibir a ação de criminosos é investir em cercas elétricas, concertinas e sistema de monitoramento.
“Estamos num país onde a impunidade reina e as pessoas se sentem à vontade para cometer crimes. Infelizmente temos que tomar alguns cuidados. Quem pode deve colocar sistema de segurança nas casas. Além disso, deve-se sempre deixar os veículos trancados e com alarme ligado”, frisou. (L.G.C)