AYAN ARIEL
Editoria de Cidades
De janeiro a novembro deste ano, o número de casos de Dengue aumentou em relação ao mesmo período do ano passado. Foram confirmados 958 casos de Dengue em Roraima, com uma morte, segundo dados do Boletim Epidemiológico nº 34 da Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde.
As notificações também seguiram esse aumento preocupante, já que no ano passado houve 1.404 registros em todo o estado durante o período de janeiro a novembro de 2018. Agora em 2019, 3.020 casos suspeitos vieram à tona.
Dados do LIRAa (Levantamento Rápido de Índices de Infestação pelo Aedes aegypti) apontam que cinco dos 15 munícipios de Roraima apresentaram alto risco de proliferação do mosquito.
De acordo com relatório do Núcleo de Febre Amarela e Dengue, Boa Vista, Caracaraí, Iracema, Rorainópolis e São João da Baliza foram as cidades que apresentaram os maiores percentuais de infestação do Aedes. A maior pontuação desses cinco foi para Caracaraí, com índice de 9,6.
Já os municípios de Alto Alegre, Cantá, Caroebe, Mucajaí, Pacaraima e São Luiz apresentam médio risco para uma epidemia de doenças transmitidas pelo mosquito. O índice entre esses municípios foi de 1,7 a 3,4. Amajari, Bonfim, Normandia e Uiramutã foram as cidades que apresentaram baixo risco de infestação do Aedes. O índice entre esses municípios variou entre 0,4 a 0,9.
Em Boa Vista, houve a notificação de 1.495 casos e confirmação de 423 casos entre janeiro e novembro desse ano. No mesmo período de 2018, foram notificados 711 casos e confirmados apenas 53.
De acordo com o último Levantamento Rápido de Índices para Aedes Aegypti (LIRAa) feito pela Secretaria Municipal de Saúde (SMSA), 28 bairros estão com alto índice de infestação do transmissor da Dengue, Zika e Chikungunya. Professora Aracelis Souto Maior, Nova Cidade e Raiar do Sol são alguns dos bairros que mais têm sofrido com os altos números de casos de dengue.
O município de Boa Vista registrou no último Levantamento Rápido de índice de Infestação para o Aedes aegypti (LIRAa) alto risco, com 4,8%. Para evitar a proliferação do mosquito transmissor da dengue, zika e chikungunya, a prefeitura tem realizado um trabalho de conscientização e eliminação de possíveis criadouros em todos os bairros.
Vigilância pede ajuda da população para controlar transmissão
Doença sazonal e causada pelo Aedes aegipty, a dengue pode ter um período de baixa ou um período de pico, a exemplo de 2019. Há cinco semanas, Roraima está com a linha de tendência acima do esperado para esse período do ano, que é o momento em que há uma transmissão maior do mosquito, quando há poucas chuvas concentradas e normalmente os pontos de acúmulo de água se mantém por pelo menos quinze dias.
A reprodução também é outro fator que causa preocupação, já que o mosquito transmissor faz a reprodução de seus ovos em água suja ou parada e local como terrenos baldios, quintais, vasinhos de plantas, pneus velhos, garrafas, tonéis e caixas d’água destampadas podem virar locais propícios para a deposição da cria.
“Se não houver este controle por parte da sociedade, somente o serviço público não dará conta. Então a gente precisa que a população nos ajude a fazer esse controle”, confrontou Joel Lima, técnico do Núcleo de Controle da Febre Amarela e Dengue (NCFAD) da Coordenadoria Geral de Vigilância em Saúde (CGVS/Sesau).
O técnico explicou que todos os municípios estão notificando e confirmando casos de dengue no Estado e ressaltou que o risco é igual para todo o Estado, se levar em consideração o alto trânsito de pessoas nos municípios.
“É claro que, por ter a maior população, Boa Vista notifica muito mais. E com muita gente com problemas de saúde, haverá congestionamento e ainda mais registros das unidades, principalmente levando em consideração essa questão dessa imigração desordenada que estamos vivendo”, ponderou Lima.
O PAPEL DE CADA UM – O Estado tem responsabilidade de capacitar, orientar e monitorar os profissionais de saúde de toda a rede estadual do SUS (Sistema Único de Saúde) e nas supervisões de acompanhamento sobre o combate ao mosquito da dengue.
“A ação de trabalho continua em todos os cantos do Estado, orientando a execução do LIRAa, as ações de controle e o trabalho de rotina. Toda semana, uma equipe estadual está buscando fazer esse acompanhamento”, pontuou o técnico da CGVS.
No perímetro municipal, o trabalho é o de combate direto à doença. O coordenador do Núcleo de Doenças Transmitidas por Vetores da Secretaria Municipal de Saúde (SMSA), Samuel Garça, destacou que a prefeitura tem feito ações diretas com a população e houve a integração dos agentes de saúde e de endemias, a fim de realizar o trabalho de eliminação de criadouros.
“Aqueles depósitos não-passíveis da eliminação, como piscinas abandonadas, caixas d’água e cisterna, passam por tratamento a ser realizado pelo agente de endemias. Buscamos também parcerias para fortalecer o combate ao mosquito da dengue, para que, através do controle mecânico, diminuir o número de criadouros no nosso município”, acrescentou Garça.
A população também tem papel fundamental nesse combate à dengue, não deixando acumular água em caixas d’água, cisternas, vasilhame de flores, garrafas, pneus e outros locais em que possa acumular água, para que se evite a proliferação do mosquito. “A sociedade é a principal peça para combater a dengue, a zika e a chikungunya”, finalizou Joel Lima.