Um grupo de manifestantes ocuparam o Terminal Urbano – José Campanha Wanderley para protestar contra o aumento da tarifa de ônibus em Boa Vista, no fim da tarde dessa quarta-feira (10). Além disso, a mobilização busca passe livre estudantil, renovação da frota, melhorias nas paradas e terminais e correção dos horários disponibilizados pelo Boa Vista Card.
Segundo a líder da mobilização, a universitária Guyneth Muniz, de 20 anos, a ideia surgiu de um grupo de estudantes com o objetivo de chamar atenção dos sindicatos e da Prefeitura contra o aumento da tarifa e exigir melhorias no transporte público. “Estamos aqui para nos juntar aos demais estudantes e trabalhadores que dependem do ônibus todos os dias e além do valor abusivo que pagamos, temos uma precarização absurda, que não condiz e nem justifica esse aumento”, justificou.
O que esse aumento representa?
Durante a manifestação, uma jovem pegou o microfone e falou em nome dos demais sobre as motivações da ocupação; Veja vídeo:
Panfleto de divulgação
No ato, estão sendo distribuídos panfletos convocando a participação da comunidade. “Desde 2020, o transporte público de Boa Vista sofreu reajuste todos os anos. No bolso do trabalhador que luta diariamente pelo seu sustento, esse aumento foi de quase 53%. O que evidencia o desrespeito com a nossa classe”, é o que diz trecho do texto de justificativa.
“Esses aumentos têm em comum serem realizados as vésperas de fim de ano, enquanto os trabalhadores estão concentrados em celebrar com suas famílias, os vereadores e o prefeito aprovam essas medidas arbitrárias sem nos consultar”.
Relatos dos manifestantes
Guyneth, que pega onibus desde os 14 anos de idade, afirma que sua experiência nunca foi das melhores. “Os transportes são antigos, os ar-condicionados não prestam, temos pouquíssimas frotas […], sem contar os horários errôneos divulgados no aplicativo, que prejudicam não só a mim como estudante e levo falta por perder uma aula, mas também os trabalhadores que chegam atrasados e levam advertência”, desabafou.
A manifestação contou não apenas com passageiros, mas também com simpatizantes, como foi o caso da professora Tatiane Cassiano, que não depende do transporte, mas vive a realidade com seus alunos em sala de aula.
“Além do fato dos alunos muitas vezes chegarem atrasados, seja por atraso da frota ou até mesmo porque ônibus quebrou no caminho e precisaram esperar outro. Temos que ressaltar a precarização dos transportes; os estudantes geralmente pegam mais de uma linha, passam horas em um local lotado e quente, e chegam exaustos na sala de aula, o que com certeza influencia no aprendizado. O cansaço físico prejudica a mente desses estudantes”, relatou.
Confira todos os pontos abordados:
- Revogação da tarifa de ônibus;
- Passe livre estudantil;
- Renovação da frota de ônibus;
- Extensão das linhas para melhor atender a população;
- Mais ônibus climatizados;
- Horários pontuais e sua divulgação de forma eficiente;
- Manutenção das paradas de ônibus e terminais;
- Diminuição das tarifas.
Outro lado
Procurada, a Prefeitura de Boa Vista se manifestou por meio da seguinte nota:
A Empresa de Desenvolvimento Urbano e Habitacional (Emhur) informa que o reajuste tarifário no transporte público coletivo de Boa Vista foi solicitado pela Cidade de Boa Vista Transportes Urbanos Ltda, empresa concessionária responsável pela prestação do serviço. Inicialmente foi proposto um aumento de 76,4%, o que resultaria em uma tarifa de R$8,82.
Após cuidadosa análise, a Diretoria de Mobilidade Urbana da Emhur recomendou um reajuste mais equilibrado, fixando a tarifa em R$ 5,50, representando um aumento de 10%. Desta forma, evitando um impacto maior no custo para os passageiros.
A proposta foi submetida e aprovada pelo Conselho Municipal das Cidades do Município de Boa Vista (Comcid) e o Conselho Municipal de Transportes (CMT) e regulamentada em decreto publicado no Diário Oficial do Município.
A Emhur informa que o reajuste tarifário no transporte público coletivo de Boa Vista foi necessário para assegurar a continuidade dos serviços oferecidos à população, tendo em vista o aumento dos custos operacionais, incluindo combustíveis, lubrificantes, despesas com manutenção, entre outros.
Informa ainda que está prevista para o primeiro semestre a chegada de pelo menos 10 novos veículos que irão substituir alguns dos que estão em circulação há mais tempo.
