Cotidiano

Manifestantes protestam contra decisões de gestão da Uerr

Alegação é que a administração está perseguindo politicamente professores e alunos

Movimentos sociais promovem uma manifestação conjunta na manhã desta quarta-feira, 07, contra recentes decisões da reitoria da Universidade Estadual de Roraima (Uerr). A alegação é que a administração está perseguindo politicamente professores e alunos de oposição à gestão.

O ato acontece a partir das 09h no Parlatório Advogado Hesmone Grangeiro, em frente à Assembleia Legislativa de Roraima (ALE-RR), no Centro Cívico. O evento está sendo organizado também pela Central Sindical (CSP) Conlutas e grupos estudantis.

Segundo o professor Jaci Vieira, o grande objetivo é chamar a atenção da sociedade sobre supostos problemas ocorrendo na Universidade Estadual. “Hoje nós temos um reitor do qual a gente não consegue fazer qualquer tipo de crítica dentro da universidade. Se quer fazer uma festa de comemoração, um debate ou qualquer tipo de manifestação que contrarie os seus interesses”, disse.

O educador afirma ainda que a manifestação também acontece em repúdio à um episódio ocorrido no dia 11 de setembro. Na ocasião, estudantes, professores e técnicos administrativos da Uerr organizaram um ato à favor da professora Ivanise Maria Rizzatti. A educadora sofreu recentemente um Processo Administrativo Disciplinar interno (PAD) e foi exonerada do cargo. “Como retaliação dessa manifestação, dez professores foram penalizados impedidos de entrar na Universidade. Três deles tiveram seus cargos comissionados destituídos, que foram eleitos democraticamente pela comunidade acadêmica. Um ato extremamente autoritário. Sem precedentes infligindo inclusive o direito de ir e vir inscrito na Constituição Brasileira”, declarou Vieira.

A alternativa, segundo o professor, foi adotar as medidas cabíveis na Justiça e nas instituições dentro da Uerr para tentar fazer com que o ato seja prescrito, com documentos protocolados ao reitor Regys Freitas e no Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão. Outra medida foi a realização do protesto.

“Queremos chamar a atenção da sociedade, do governador Antonio Denarium que mantém este senhor dentro da universidade, que não tem a menor condição de gerir uma instituição. A Universidade é um local de debate, da discussão e não de perseguição política”, finalizou.

Professores teriam constrangido servidores e motivado decisão de reitor (Foto: Ascom Uerr)

Gestão da Uerr diz que professores constrangeram servidores

Em documento do qual a Folha teve acesso, o reitor da UERR, Regys Freitas, comunica a penalidade aos professores sob algumas justificativas. A primeira que a Comissão de Disciplina e Ética (CPDE) da instituição vinha sendo alvo de constantes ataques nas redes sociais. 

Em segundo ponto, que no dia 11 de setembro um grupo de servidores teria realizado uma manifestação dentro da Uerr, se deslocado até a sala da CPDE e constrangido os integrantes da comissão processante, sendo necessário registrar um boletim de ocorrência junto à Polícia Civil.

Entre as questões argumentadas pelo reitor estão o constrangimento de servidores; tumulto; gravação com celular feita sem autorização e condutas ilícitas praticadas por pessoas estranhas aos quadros da instituição, o que teria motivado a penalidade aos professores. Sobre as acusações feitas ao reitor da instituição, a reportagem entrou em contato com a Assessoria de Comunicação da Uerr e aguarda retorno.

Nota da Uerr sobre a manifestação 

A Universidade Estadual de Roraima informa que a atual gestão não é contra qualquer tipo de manifestação democrática, seja favorável ou contra os atos administrativos tomados pela Instituição.

Quanto à decisão proferida pela Reitoria, se esclarece que a mesma não tem o intuito de impedir ou reprimir quaisquer atos democráticos. A decisão se pautou única e exclusivamente em documentos e relatos de condutas realizadas naquele dia, que vão desde a constrangimento a ameaças veladas, e que no caso em concreto, parecem ter extrapolado os limites legais de qualquer manifestação em um estado democrático de direito.

Esclarecemos ainda, que as medidas adotadas não são punições e sim medidas cautelares, pautadas na legislação vigente, com intuito de precaver novas condutas de tal magnitude e preservar a segurança institucional. Tais medidas podem ser revistas a qualquer momento em nome do interesse público, e qualquer administrado, caso tenha se sentido lesado, deve se utilizar das vias legais para expressar o seu direito, e não politizar uma Decisão legal que se subordinou exclusivamente à Lei.

Por fim, a UERR esclarece que os servidores tiveram acesso a toda documentação que embasou a aplicação de medidas cautelares, e diferentemente do que vem sendo propagado, a Decisão não tem cunho pessoal.