Cotidiano

Manifesto pró-garimpo pede regularização da mineração em terra indígena

Cerca de 100 pessoas participaram de uma manifestação pró-garimpo na manhã desta quarta-feira, 12, na Praça do Centro Cívico, em Boa Vista. A ação acontece em resposta aos recentes conflitos armados entre garimpeiros, indígenas e agentes da Polícia Federal na região do Rio Uraricoera, desde o início da semana.

Os presentes participaram do ato com camisetas ‘garimpo, sim’, bandeiras do Brasil e carros de som. Para Jailson Mesquita, coordenador do Fórum de Roraima formado por uma associação de garimpeiros, uma cooperativa, três partidos políticos, dez associações de bairro e duas igrejas, o objetivo da manifestação é dizer que os garimpeiros não são bandidos. Outro ponto, segundo o coordenador, é dizer que está havendo a ‘execução de um plano de tomada da Amazônia por ação de ong’s internacionais’.

“O garimpo na região existe há muitos anos e não se vê falar nesses conflitos permanentes. Essa parceria existe há muito tempo. De uma hora para outra mudou, desde que chegou alguns aviões desconhecidos na área. Segundo relato dos próprios garimpeiros, seriam aviões estrangeiros. O comportamento desses índios mudaram. Eles já cobravam um pedágio de cerca de R$ 600 reais, depois passaram para R$ 2 mil e depois queriam arma”, afirma. “O intuito da manifestação é repudiar qualquer ato de violência, no geral. E cobrar que tenha uma lei igualitária para todos. O porte de armas é ilegal no Brasil, tanto para homem branco, quanto para indígena”.

Com relação à uma suposta ligação do garimpo com o crime organizado, desta vez, o coordenador afirma que a informação é outra estratégia para acusar o garimpeiro. “Tem que acabar com essa história de que é crime organizado. Isso é uma estratégia de ONG para fragilizar os garimpeiros, dizer que é bandido. Isso foi uma estratégia da mídia e das ONG’s que é facção para obrigar a ter uma intervenção, para obrigar a ter uma operação. Isso é uma malandragem. Os garimpeiro foram tentar conversar com os indígenas e foram recebidos à bala”, afirmou.

Com relação ao estado de saúde dos envolvidos no tiroteios entre garimpeiros e a Polícia Federal na tarde de ontem, 11, Jailson informou que um garimpeiro veio à óbito após o confronto com a Polícia Federal e outro ficou ferido. “Nós não vamos discutir a ação da PF. Vamos ouvir a nota da Polícia Federal e, se não for de acordo com o ocorrido, nós vamos contestar”, disse.


Garimpeiros dizem ainda que conflito faz parte de ‘plano internacional para tomada da Amazônia’ (Foto: Maria Cecília Veloso/FolhaBV)

Após a concentração na Praça do Centro Cívico, os garimpeiros partiram em carreata com um caixão simbólico para representar o óbito registrado no conflito com a Polícia Federal e uma bandeira do Brasil. Os apoiadores seguiram pelos principais pontos da Capital.

POLÍCIA FEDERAL – Jailson disse ainda que ‘garimpeiros são tratados como bandidos’ e alegou suposto abuso de autoridade da Polícia Federal. “Você pode cometer o crime que quiser contra garimpeiro, que chega lá na Polícia Federal, ele que é o bandido. Por quê esses crimes não são denunciados? É uma malandragem da Polícia Federal para intimidar o garimpeiro”, afirmou.

– Quando o garimpeiro chega lá e vai fazer uma denúncia, ele fala ‘fui torturado pelo Ibama’. Ele (PF) diz ‘vou fazer dois processinhos, do Ibama e o seu, que vou mandar pro Ministério Público’. Que você estava lá dentro da reserva indígena garimpando. Então, isso é um abuso de autoridade, é um abuso de poder, é um estupro ao direito do cidadão, que está acontecendo. Garimpeiro não é bandido. Errado está é a lei e o decreto que demarcou a reserva yanomami”, afirmou.

A FolhaBV entrou em contato com a Polícia Federal sobre as acusações do coordenador e aguarda retorno.

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