Cotidiano

MAPA proíbe saída de frutas da sede de Alto Alegre

Risco é de transmissão da praga para outras regiões do Estado; medida deverá valer por quase um ano, ou seja, período de três safras

A Superintendência Federal de Agricultura, Pecuária e Abastecimento no Estado de Roraima divulgou a Portaria nº 35, no Diário Oficial da União (DOU) de ontem, 15, em que determinou a interdição cautelar da sede do município de Alto Alegre, por causa do risco de transmissão da mosca da carambola.

A informação é que o superintendente federal de Agricultura, Pecuária e Abastecimento no Estado, Plácido Alves, determinou a proibição da saída de frutas frescas de espécies hospedeiras da mosca da carambola da sede de Alto Alegre para qualquer outra localidade do Estado, porém, vale ressaltar que a medida não engloba todo o município.

O órgão também recomendou à Agência de Defesa Agropecuária (Aderr) a máxima atenção ao cumprimento da portaria, “em especial na operacionalização de barreiras fitossanitárias para impedir o transporte de frutas hospedeiras da mosca da carambola provenientes da área cautelarmente interditada em Alto Alegre para outros municípios sem ocorrência da praga no Estado e para outras unidades da federação consideradas como ausentes da praga”.

A portaria determina ainda que as empresas de transporte aéreo, terrestre, marítimo ou fluvial poderão ser responsabilizadas por transportar material hospedeiro, em caso de não cumprimento da portaria.

ADERR – Sobre a medida, o diretor de Defesa Vegetal da Aderr, Marcelo Parisi, explica que a portaria do Ministério da Agricultura já era esperada pelo órgão estadual, que vem acompanhando o desenrolar do problema desde o surgimento do foco da mosca da carambola no município, em outubro do ano passado.

O diretor explica que o órgão estadual tem realizado as ações com auxílio do Ministério da Agricultura (Mapa), que tem dado apoio financeiro, logístico e intelectual à agência. “A gente já vinha discutindo há algum tempo e acredito que, por influência da agência, a portaria foi publicada”, explica Parisi.

O gerente de Defesa Vegetal da Aderr, Marcos André Prill, ressalta que a portaria está prevista no plano de ação que foi elaborado em conjunto pela Aderr e o Ministério da Agricultura, que determinou um protocolo de ações em situações como esta. No caso, o isolamento da área total para impedir que a praga saia da região e o controle da doença.

Sobre as ações adotadas e já em andamento para impedir a proliferação da praga para outras localidades, o diretor afirma que a Aderr já tem um trabalho intenso no município.

“Nós trabalhamos com duas barreiras fitossanitárias, sendo uma na saída para Boa Vista e outra na saída para Samaúma. Essas duas barreiras inibem o trânsito de frutas que vieram da sede do município, que foi o perímetro restringido pela superintendência. A agência também faz o combate e o monitoramento da praga para manter as outras áreas livres”, informou Prill.

Os representantes da Aderr ressaltaram ainda que as demais localidades do município não estão restritas, somente aproximadamente 165 hectares que compreendem a sede de Alto Alegre. Um ponto que merece ser ressaltado é que a venda do produto está proibida no modelo da fruta in natura, ou seja, os produtores da região ainda podem pensar em como viabilizar a exportação através do item em formato de geleia, fruto desidratado e em polpas.

Já a venda e exportação de frutos de outros cantos do município continuam e isso é imprescindível para o sustento da economia da região, alerta Prill.

“A mosca faz mal não só para o fruto, mas como a produção agrícola está dentro de um meio econômico, atinge todo o município e, em consequência, o Estado. Se o produtor não consegue vender, ele não consegue contratar novos servidores. O feirante perde a venda, quem entrega o material não tem mais razão de fazer frete. O produto fica mais caro no mercado. É uma reação em cadeia”, considerou Prill.

O gerente explica que a ação de combate precisa ser mantida por pelo menos o período de três ciclos da fruta, ou seja, aproximadamente 370 dias. Na próxima fase, com o êxito do controle da praga, a Aderr vai pleitear a liberação da interdição.

Além disso, o profissional reforçou a necessidade de consciência da população em não trazer frutos da sede de Alto Alegre.

“Quando o agente impede a vinda do fruto. não é para aquisição própria. É para impedir que a praga cheque a outras regiões”, completou.

A Folha tentou contato com o prefeito de Alto Alegre, Pedro Henrique Machado (PSD), porém, não obteve retorno até a conclusão da matéria. (P.C.)