Cotidiano

Médica venezuelana fazia cirurgia plástica numa clínica improvisada

Procedimentos cirúrgicos eram realizados em uma residência que foi transformada em consultório clandestino

Agentes da Polícia Civil de Roraima prenderam, em flagrante, na manhã de ontem, 02, uma médica venezuelana que estava realizando atendimento em um consultório clandestino localizado no bairro Asa Branca, zona Oeste da Capital. Ela atendia pacientes e ainda realizava cirurgias plásticas no momento em que foi abordada.

A denúncia sobre a atuação ilegal da estrangeira, que não teve a identidade revelada, foi feita por um médico roraimense e encaminhada à Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP) na semana passada. As consultas estavam sendo marcadas por agenciadoras em grupos de WhatsApp, dos quais dezenas de mulheres participavam.

A presidente do Conselho Regional de Medicina em Roraima (CRM-RR), Blenda Garcia, disse que a entidade foi acionada para averiguar o caso. “Entramos em contato fingindo ser uma paciente e nos deram o endereço. Quando chegamos demos de cara com o início de um procedimento. A mulher estava operando sem nenhuma autorização para atuar no Brasil”, disse.

Segundo ela, a médica alugou uma casa e transformou-a em consultório e centro cirúrgico, mas fiscais da Vigilância Sanitária condenaram o ambiente, por isso a “clínica” foi interditada. “Seria um risco grande para a comunidade deixar fazer procedimentos sem estar num centro especializado, sem saber a origem do material. Ela vendia desde aplicação de botox até procedimentos invasivos, como lipolaser e aplicação de plasma”, frisou Blenda.

A presidente do CRM alertou que os procedimentos só podem ser feitos em clínicas e centros cirúrgicos qualificados. “Ela estava sendo auxiliada pelo esposo, que não é da área de saúde. Tinha materiais restritos de unidades hospitalares, como anestésicos e aparelhos de bisturi elétrico, tudo em sala misturado com comida e em situação precária”, relatou.

A médica venezuelana cobrava entre 100 e 600 dólares pelos procedimentos. “A lipoaspiração custava entre 500 e 600 dólares, enquanto a aplicação de botox era 100 dólares e a retirada de sinais 50 dólares. Ela fazia exigência de dólar ou bolívar, tanto que no falso consultório foi apreendida grande quantidade de dinheiro”, frisou.

“É importante fazer um alerta às pessoas para que, ao procurarem um médico, verifiquem se ele é habilitado, se tem registro e se a clínica tem alvará de funcionamento, para evitar que sejam lesadas”, orientou Blenda Garcia.

A médica foi autuada em flagrante pelo crime de exercício ilegal da profissão médica, previsto no artigo 282 do Código Penal Brasileiro, que prevê somente Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO), considerado crime de menor potencial ofensivo. (L.G.C)