Cotidiano

Médico alerta sobre ‘geração de mutilados’

Conforme ortopedista, em dois anos, o número pessoas com fraturas ocasionadas por acidentes de trânsito triplicou

O coordenador da Ortopedia do Hospital Geral de Roraima (HGR), Marcelo Henrique Arruda, fez um apelo à população e aos órgãos fiscalizadores de trânsito para que seja reduzido o número de acidentes de trânsito. Segundo ele, o Estado está formando uma “geração de mutilados”, onde a imprudência no trânsito se torna comum e as pessoas sofrem as consequências em seus próprios corpos.
Henrique afirmou que, em dois anos, o número pessoas com fraturas ocasionadas por acidentes de trânsito triplicou. “Nesses últimos dois anos, a população não cresceu na proporção em que aumentou os acidentes de trânsito”, afirmou. Além disso, a gravidade dos acidentes também é maior. “Nós temos aqui [no HGR] o perfil de pacientes com fraturas extremamente graves, às vezes, até múltiplas faturas”, frisou ao destacar que são feitas, por mês, 140 cirurgias no HGR somente atendendo demanda urgente.
“Nós temos no hospital, tirando uma média pelo dia de ontem, 73 pacientes internados, sendo que 50 deles ocasionados por acidente de trânsito e 23 com fratura de fêmur”, contabilizou. O motivo seria a falta de consciência dos condutores que estão nas ruas sem a CNH (Carteira Nacional de Habilitação), às vezes, com consumo de álcool e com excesso de velocidade.
“A grande maioria dos acidentes de trânsito, considerando os pacientes que chegam aqui, envolve motos e muitos deles têm envolvimento com bebida alcoólica e com excesso de velocidade. E outra coisa: aqui se sabe que existe um número muito alto de motoristas dirigindo sem carteira. Naturalmente, eles não estão habilitados para dirigir. Esses fatores têm lotado o atendimento do HGR”.
Conforme ele, uma maior fiscalização dos órgãos, como o Departamento de Trânsito Estadual (Detran), e trabalhos de conscientização em escolas podem ser duas medidas que reduzirão os altos números. “Essa mudança não se reflete só na saúde. Ela é muito maior do que isso. Tem que partir também de uma própria conscientização da população e também das medidas de fiscalização”, destacou.
O ortopedista afirmou que é nítida a influência que a fiscalização rígida causa. “Há um dado que afirma que quando a Lei Seca estava valendo, diminuiu em 41% o número de acidentes. Isso que dizer que quando a fiscalização é rígida, ela evita que o paciente caia no hospital”, comentou.
Marcelo Henrique considerou que o alto número de pessoas mutiladas no trânsito por imprudência pode ser comparada com uma “guerra civil”. “O que nós temos hoje é uma guerra civil. Nós estamos formando uma geração de mutilados, porque os acidentes que nós atendemos aqui [no HGR] são aqueles que vão deixar as pessoas com sequelas, são acidentes graves, seja aqui, nos Estados Unidos, na Europa… onde for. Eles vão deixar sequelas. E isso tem preocupado a todos nós”.
DETRAN – O diretor-presidente do Detran, Edgilson Dantas, disse que o órgão têm ciência e registra todos os números de ocorrências por acidente de trânsito no HGR. Ele afirmou que muitas ações estão sendo feitas pelo órgão para diminuir a quantidade de acidentes e punir os responsáveis.
“O nosso maior problema é de pessoal, a gente não tem efetivo suficiente para mapear o máximo de avenidas possível da Capital”, disse. Destacou que com a validação do concurso público pelo Tribunal de Justiça, na quarta-feira, 29, a expectativa é reforçar o trabalho e diminuir o número de acidentes e suas consequências.