Um médico da rede estadual de saúde que preferiu não se identificar procurou a Folha para fazer uma série de reclamações referentes ao funcionamento do Hospital Geral de Roraima (HGR). Segundo ele, a unidade continua com desabastecimento crítico, situação que ocorre há mais de um ano.
Ele alerta para a falta de material básico que vem sendo relatada e documentada pelos médicos à Secretaria de Saúde (Sesau) e ao Conselho Regional de Medicina (CRM).
Documentos mostram que o intensificador de imagens do centro cirúrgico apresenta defeito e para de funcionar, sendo sempre feita manutenção corretiva. Além disso, os médicos contam que não sabem se o aparelho encontra-se dentro dos padrões de segurança em relação ao nível de radiação emitida e afirma que os capotes estão há anos sem condições de uso.
De acordo com as reclamações, outro material que está em falta são os fios “ethibond” e “kirschner”, muitas vezes causando a suspensão dos procedimentos de ortopedia, além de fixadores externos usados para conter fraturas durante cirurgias.
Todas essas informações foram repassadas para a antiga gestão e documentadas durante todo o ano. Os relatos datam de maio, agosto e outubro de 2018.
“Devido à falta desse material, muitas mortes podem ocorrer e o profissional fica sem poder atender os pacientes. Os médicos estão lá para trabalhar sem nenhuma condição. Atendemos pessoas vindas da Venezuela, da Guiana e do interior do Estado. A Saúde vem tentando se reerguer, mas é a população que acaba sofrendo. Essa situação vem sendo anunciada há muito tempo”, reforça.
CRM – O Conselho Regional de Medicina de Roraima (CRM-RR) informou que o abastecimento de medicamentos e materiais médicos hospitalares é de responsabilidade da Secretaria Estadual de Saúde.
“O CRM não tem poder legal de exigir abastecimento das unidades e tem feito de tudo ao seu alcance para fiscalizar e notificar os órgãos de controle sobre todos os problemas enfrentados na Saúde para que estes tomem as medidas legais”, informou em nota.
Recentemente, em reunião no CRM que contou com a presença do secretário estadual de Saúde, Ailton Wanderley, e a promotora de Saúde do Ministério Público (MPRR), Jeanne Sampaio, ambos se comprometeram em suprir as necessidades de medicamentos e materiais para que a população não sofresse mais com este problema e os médicos tivessem como trabalhar.
SESAU – A Secretaria Estadual de Saúde informou que está atuando para reverter a crise de abastecimento das unidades de saúde que a atual gestão encontrou.
“O estoque de medicamentos e materiais médico-hospitalares está sendo regularizado gradualmente, com licitações em andamento e recebimento de itens já licitados e adquiridos pela secretaria”, afirmou.
Ainda de acordo com a Sesau, toda a equipe técnica da Coordenadoria-Geral de Assistência Farmacêutica (CGAF) está mobilizada para licitar e receber os medicamentos e materiais necessários para regularizar o abastecimento das unidades.
A secretaria ressalta ainda que as cirurgias eletivas no Hospital Geral de Roraima estão sendo retomadas gradativamente, a partir da desinterdição ética do CRM-RR, que só foi possível devido ao esforço da pasta em trabalhar para a regularização do abastecimento das unidades de saúde, o que vem ocorrendo paulatinamente.
“É importante ressaltar que todos os contratos firmados com a Sesau, embora não tenham sido suspensos por se tratarem de um serviço essencial, estão sendo revistos, e a secretaria está trabalhando para regularizar o pagamento de todos esses contratos, seja de prestação de serviços ou de fornecimento de materiais médico-hospitalares e medicamentos”, concluiu.