Grávida de seis meses, a assistente administrativa Lilian Dias convive diariamente com o medo de ser contaminada pelo zika vírus, doença que é transmitida pelo mosquito Aedes aegypti. A associação da doença com os crescentes casos de microcefalia no País a fez temer pela saúde do bebê que está por vir.
“Entrei no sexto mês de gravidez e praticamente não saio de casa. Uso roupas compridas, repelente e evito ir a lugares diferentes. Tenho cumprido com o pré-natal como recomendado, porque tenho muito medo dessa doença”, disse, ao acrescentar que, antes de engravidar, não tinha conhecimento da associação do zika vírus com os casos de microcefalia. “Eu não sabia desse risco, mas, se soubesse, teria evitado engravidar, porque passar nove meses nessa insegurança não é fácil”.
Com 34 anos, a dona de casa Márcia Silva disse que, mesmo tendo conhecimento sobre os riscos de contaminação por zika vírus, decidiu arriscar a primeira gravidez. “Medo a gente sempre tem, mas, mesmo assim, optei por ter bebê agora, porque a minha idade já é de gravidez de risco. Eu tenho tomado todas as precauções e espero que meu bebê venha com saúde”, comentou.
Enquanto novas estatísticas da microcefalia e suas consequências para as famílias são noticiadas diariamente, o impacto para gestantes e para quem pretender ter um filho é incerto. A sensação do perigo real afeta o dia a dia das gestantes e, em combinação com a falta de informações conclusivas, faz com que muitas mulheres considerem adiar a gravidez.
É o caso da funcionária pública Vanessa Costa, que tentava engravidar do primeiro filho quando os primeiros casos de microcefalia relacionados ao zika vírus começaram a ser notificados. “Era um sonho que sempre quis realizar. No ano passado, cheguei a tentar e tive todos os sintomas. Fiz os exames, mas deram negativos. Depois desse surto de microcefalia, a ginecologista recomendou que eu não engravidasse”.
Segundo a Secretaria Estadual de Saúde (Sesau), o número de casos notificados de microcefalia em Roraima subiu de um para 14 nos dois três primeiros meses do ano. Até o momento, nenhum registro foi confirmado. Na Capital, o número de gestantes com suspeita de terem contraído o zika vírus também subiu de 70 para 85.
Apesar do medo e da incerteza, o número de bebês nascidos no Estado tem crescido ao longo dos anos. De acordo com a Sesau, o total de partos realizados no Hospital Materno Infantil Nossa Senhora de Nazareth (HMINSN) passou de 8.502, em 2012, para 9.014, em 2015. (L.G.C)