Energia limpa no Brasil: desafios e oportunidades

O setor pode se firmar como um componente fundamental para o impulso do crescimento econômico

Energia heólica e painéis solares limpa
(créditos: iStock/ 24K-Production)

Atualmente, por ser um país de grandes extensões territoriais que comporta uma ampla biodiversidade em vários aspectos, o mercado de energia no Brasil apresenta enorme potencial, tanto no sentido econômico quanto ambiental. 

De fato, a partir da presença de determinados recursos naturais, como a própria radiação do sol pela localização da América do Sul no planeta Terra, em relação ao seu eixo de inclinação, vento e biomassa, o território brasileiro possui condições de liderar a transição energética global, especialmente a partir da crescente demanda por fontes renováveis e mais sustentáveis. 

O século XXI, sem dúvidas, é o palco do debate que envolve a transição energética. Essa discussão, inclusive, alcançou um marco global em 2023, registrando investimentos recordes de US$ 1,8 trilhão, de acordo com o relatório Energy Transition Investment Trends 2024, da Bloomberg NEF. 

Nesse contexto, embora a China lidere como o maior mercado e a Europa mostre um ritmo de crescimento relativamente acelerado, o Brasil ocupa posição entre as 10 nações que mais investem em transição energética. Assim como Índia e Japão, nos últimos anos, o Brasil investiu mais de US$ 30 bilhões no setor. 

Vale ressaltar, também, que, em 2023, a indústria verde foi responsável por 31,8% da energia consumida no Brasil, representando um aumento de 2,9%, em relação ao ano anterior, conforme o Balanço Energético Nacional (BEN). 

Segundo a Confederação Nacional da Indústria (CNI), alcançar emissões líquidas zero no setor até 2050 exigirá investimentos da ordem de R$ 40 bilhões. Para acelerar esse processo, o governo federal introduziu em 2024 o programa Nova Indústria Brasil, que destinou R$ 3 bilhões em incentivos para projetos de descarbonização e transição energética.

Quais são os benefícios da energia limpa? 

Em suma, investir em fontes renováveis no Brasil oferece diversas vantagens estratégicas. Em primeiro lugar, as energias solar e eólica, por exemplo, constituem-se como recursos naturais inesgotáveis, ou seja, garantem uma solução sustentável e segura para o abastecimento energético em longo prazo. 

Outro benefício significativo está na geração de empregos: a construção e a operação de usinas solares, parques eólicos e outras instalações de energias renováveis, por relação de causa e efeito, criam todo um mercado novo de construção e manutenção. Além disso, o setor de energias renováveis no Brasil tem atraído um crescente fluxo de investimentos. 

Um exemplo é o fundo BSO (Brazil Special Opportunities), que combina duas classes de investimentos distintas e complementares. Entre as empresas envolvidas, está a Liquipar Operações Portuárias S.A., que, ao adquirir a área PAR 50 do Porto de Paranaguá, no Paraná, investirá R$ 572 milhões para aumentar significativamente a capacidade de escoamento de líquidos, especialmente combustíveis, por meio do terminal.

Em termos ambientais, a energia limpa atua diretamente na redução das emissões de gases de efeito estufa, alinhando o país aos compromissos globais. Todavia, embora apresente potencial promissor, o mercado de energia limpa no Brasil enfrenta desafios significativos. 

A infraestrutura ainda é um obstáculo, especialmente em regiões remotas. Além disso, a burocracia, como processos de licenciamento ambiental demorados, também é uma barreira para o desenvolvimento de novos projetos. No entanto, mesmo diante desses desafios, o mercado apresenta soluções inovadoras para maximizar os benefícios da energia limpa. 

Um exemplo disso é a transferência dos créditos de energia solar, um mecanismo que permite a redistribuição de excedentes de energia gerados por pequenos produtores. No fim, o futuro do mercado de energia limpa no Brasil depende de políticas públicas consistentes, incentivo à inovação e uma maior integração entre governo e iniciativa privada.