Caiu o número de focos de incêndio florestal no município do Uiramutã, ao Norte de Roraima. Na semana passada foram registradas mais de 10 grandes queimadas na região, que é de difícil acesso porque a mata fechada fica em cima das serras.
Mesmo com baixo contingente, os brigadistas do Uiramutã e do Prevfogo (do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Renováveis – Ibama), conseguiram apagar os incêndios, mas os focos surgem a todo instante por causa da forte estiagem na região, provocada pelo fenômeno El Niño.
Nesta segunda-feira, 26, o Governo do Estado encaminhou 15 novos brigadistas seletivados ao Uiramutã, no entanto, a previsão é que eles comecem a trabalhar até a próxima quinta-feira, dia 29, pois ainda precisam receber uniformes e equipamentos que serão levados de Boa Vista até o município.
Coordenador da Defesa Civil municipal, Julimar Sena Ferreira confirmou que o número de focos de incêndio caiu no Uiramutã, mas isso não significa que vai acabar porque ainda há muita roça para queimar nas comunidades indígenas, segundo o coordenador.
“A falta de chuva e a seca também favorecem para o surgimento de novos focos de incêndio no município. O fogo é iminente porque a estiagem vai se estender até os próximos meses”, alertou Julimar.
Julimar adiantou que nesta terça-feira, dia 27, ocorrerá uma ação em conjunto no pé das serras. Os brigadistas farão mais aceiros, que é uma técnica utilizada para impedir que o fogo se alastre. A medida serve para evitar que o fogo chegue no topo das serras, onde o combate se torna mais difícil.
No sábado passado, dia 24, o governador do Estado, Antônio Denarium (PP), decretou situação de emergência em nove municípios de Roraima devido aos efeitos da forte estiagem. Uiramutã está entre eles.
Antes do decreto, o município tinha apenas dois brigadistas e sete combatentes do Prevfogo, que atuam noite e dia, segundo observou Julimar. “Eles têm trabalhado muito na região”, frisou.
O Ibama contratou os próprios indígenas do Uiramutã para atuarem na brigada do Prevfogo, pois eles conhecem a região e isso facilita o trabalho, segundo o coordenador.
Voluntários indígenas
Além dos brigadistas municipais e do Prevfogo, as comunidades indígenas também ajudam a combater os focos de incêndio, disponibilizando voluntários.
Na comunidade Willimon e na São Gabriel, por exemplo, na semana passada, os indígenas voluntários carregaram água e ajudaram os brigadistas a apagarem os incêndios.
O município conta ainda com a ajuda dos militares do 6° Pelotão Especial de Fronteira (PEF), do Exército Brasileiro. Os militares também ajudam no combate às queimadas.
Moradores continuam sem água potável
A forte estiagem também atinge quem mora na sede do município e em comunidades indígenas. A falta de água potável já dura mais de seis meses. Para amenizar a situação, Defesa Civil, prefeitura e Femarh entregam água em toneis aos moradores.
A situação é crítica nas comunidades indígenas Enseada e Pedra Branca, onde o prefeito mora. “Essas comunidades entraram no vermelho sem água potável, pois as fontes secaram. E a tendência é piorar”, lamentou Julimar.
Moradores dos bairros mais distantes do Centro da sede do município também sofrem com a falta d’água. “Hoje, uma picape da Femarh levou água potável em tonéis a eles. A situação é crítica, mas buscamos atender a todos”, ressaltou Julimar.
O governador do Estado, Antônio Denarium, e o presidente da Companhia de Águas e Esgoto de Roraima (CAER), James Serrador, estiveram este ano no Uiramutã e inauguraram um novo poço artesiano, mas, raso, o poço secou e a bomba d’água queimou.