Indígenas Wai Wai atribuem baixa no nível do Rio Jatapu à Usina Hidrelétrica; Roraima Energia nega

Comunidade afirma que baixo nível da água afeta navegação e sustento; Roraima Energia alega seca natural

Indígenas Wai Wai atribuem baixa no nível do Rio Jatapu à Usina Hidrelétrica; Roraima Energia nega

Indígenas da etnia Wai Wai, moradores da comunidade Samaúma, no município de Caroebe, relataram dificuldades na navegação pelo rio Jatapu e atribuíram a situação ao funcionamento da usina hidrelétrica operada pela Roraima Energia. Em contato com a Folha de Boa Vista, os indígenas afirmaram que o nível do rio está reduzido, prejudicando a locomoção e o transporte de suas produções.

“O rio tá seco muito. Único nosso acesso é pelo rio. Não temos mais como transportar as nossas produções”, relataram. Além disso, destacaram o impacto na subsistência da comunidade. “Dependemos dessa água para navegar, pescar e garantir nossa sobrevivência. O impacto dessa situação é grave e afeta não apenas o meio ambiente, mas também a dignidade e os direitos do nosso povo. Exigimos que os responsáveis tomem medidas imediatas para liberar mais água”, afirmaram em mensagem enviada à reportagem.

Diante da denúncia, a Folha de Boa Vista entrou em contato com a Roraima Energia para esclarecimentos. A empresa negou que a operação da usina tenha reduzido o nível do rio Jatapu e atribuiu a situação à estiagem na região. “A geração de energia em uma usina hidrelétrica utiliza a água de forma não consuntiva, ou seja, a água apenas passa pela turbina gerando energia, sem nenhum tipo de consumo. Portanto, a PCH Alto Jatapu não diminui o fluxo d’água natural no rio Jatapu”, afirmou em nota.

A empresa acrescentou que, para mitigar os impactos da seca, realizou o rebaixamento do reservatório em escala superior ao mesmo período do ano passado. “A situação atual é decorrente da própria condição crítica de seca natural do rio Jatapu este ano, combinado com a não incidência de chuvas neste período”, declarou.

Sobre um possível diálogo com a comunidade, a Roraima Energia afirmou estar aberta a conversas, mas reforçou que “a situação atual é decorrente do verão crítico e não da operação da PCH Alto Jatapu”. Segundo a empresa, representantes das comunidades já foram informados sobre o cenário por meio de contato direto.