MOPI

Plataforma de monitoramento sobre povos indígenas isolados na Amazônia brasileira é lançada

O objetivo é fornecer informações sobre condições de saúde, empreendimentos e outros tipos de fatores que os ameaçam

As localizações dos registros têm coordenadas deslocadas, para evitar a identificação exata dos territórios desses povos. (Foto: Divulgação)
As localizações dos registros têm coordenadas deslocadas, para evitar a identificação exata dos territórios desses povos. (Foto: Divulgação)

O Observatório dos Povos Indígenas Isolados e de Recente Contato (Opi) lançou a plataforma Mopi de monitoramento dos povos em isolamento voluntário que vivem na porção brasileira da Amazônia. A ferramenta reúne informações de bancos de dados públicos e de levantamentos de campo de membros que compõem o observatório.

Conforme esclarece o observatório, o Mopi é uma plataforma geoespacial, que abrange os 114 povos isolados reconhecidos pelo Estado brasileiro, além de um povo que vive na região do Mamoriá, no sul do Amazonas, identificado em 2021, mas com reconhecimento oficial pendente. O objetivo é fornecer informações sobre o território ocupado pelos indígenas em isolamento voluntário, condições de saúde que apresentam e empreendimentos e outros tipos de fatores que os ameaçam.

“Atualmente, 28 dos 114 registros de povos indígenas isolados têm sua existência confirmada pela Funai [Fundação Nacional dos Povos Indígenas], que contabiliza 26 referências em estudo e 60 registros de informação. Apesar da constante revisão pelo trabalho de qualificação das Frentes de Proteção Etnoambiental, a lista oficial de registros não foi submetida a um reexame sistemático durante o desmonte da política indigenista promovido pelo governo Bolsonaro (2018-2022), motivo pelo qual encontra-se desatualizada”, destaca o Opi.

De acordo com a entidade, as localizações dos registros têm coordenadas deslocadas, para evitar a identificação exata dos territórios desses povos, “pelo risco de ataques contra eles”.

Vale do Javari

Em 2020, o Observatório dos Povos Indígenas Isolados e de Recente Contato (Opi) foi fundado por Bruno Pereira – assassinado na Amazônia, em junho do ano passado, junto com o jornalista britânico Dom Phillips. O lançamento do Mopi, também idealizado por ele, ocorreu como marco ao aniversário do indigenista, que seria nessa terça-feira (15).

A ferramenta serve bem aos propósitos de indigenistas da região da Terra Indígena do Vale do Javari, que concentra a maior quantidade de indígenas em isolamento voluntário do mundo. Ao todo, são 19, de acordo com o Instituto Socioambiental (ISA), como os mayuruna/matsés, os matis, os kulina pano, os kanamari e os tsohom-dyapa.

Roraima

Nos registros do Mopi, dentro do estado de Roraima há apenas a comunidade Yanomami Moxihatëtë confirmada como isolada voluntariamente. Outras duas comunidades Yanomami e isolados de Auaris e Surucucu foram registradas como em ‘informação’.

*Com informações da Agência Brasil