Rios do Amazonas secam antes do esperado e municípios entram em estado de emergência

Pesquisadores afirmam que a seca é uma continuação do problema iniciado em 2023 e este ano pode ser pior

Rebocador e balsa ficaram encalhados no Rio Negro por causa da seca no Amazonas em 2023 - Foto: Suamy Beydoun/Agif
Rebocador e balsa ficaram encalhados no Rio Negro por causa da seca no Amazonas em 2023 - Foto: Suamy Beydoun/Agif

Os níveis dos rios do Amazonas estão abaixo do esperado para este período e municípios já estão em estado de emergência. A informação foi dada pela Defesa Civil do estado.

Somente nas calhas do Juruá, Purus e Alto Solimões, 20 municípios entraram em situação de alerta pela estiagem na última sexta-feira (5), com o decreto do governo do Amazonas. A cota do Rio Negro, naquele dia chegou à marca de 26,70 metros. Em anos anteriores, as cotas na mesma data eram de 27,89 metros (2023); 29,59 metros (2022) e 29,87 metros (2021).

Um decreto emergencial ambiental também entrou em vigor em municípios do sul do estado, Manaus e região metropolitana, totalizando 22 cidades. Durante o período de 180 dias vai ficar proibido a prática de fogo, com o sem uso de técnicas de queima controlada.

Estiagem é continuada e pode ser pior

Durante entrevista na rádio EBC, a pesquisadora Ana Paula Cunha, do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), afirmou que a seca extrema de 2023 continua a afetar grande parte da Amazônia. Amazonas, Acre e Rondônia são os estados mais críticos, com 76 municípios enfrentando uma seca severa.

“Algumas regiões da Amazônia a seca começou no ano passado e não terminou ainda com esse período longo de déficit de chuva. Em algumas regiões começou lá maio e junho de 2023. […] A previsão que nós temos é que para os próximos meses, principalmente para parte do Acre, parte da do estado do Amazonas, é que nos próximos três meses ainda as chuvas sejam abaixo ainda do que é normal e uma probabilidade de atraso no início da estação chuvosa, a próxima estação chuvosa”,

explicou Ana Paula.

A pesquisadora ainda afirmou que a navegação ainda não foi afetada por conta das chuvas do extremo norte da região, como as daqui de Roraima. No entanto, há previsão de que os impactos sejam sentidos em breve.

+ Instituições do Amazonas planejam soluções para estiagem e evitar desabastecimento

Navegação e abastecimento em Roraima

A seca no Amazonas impacta em Roraima em questão de abastecimento. No ano passado, o estado sentiu o aumento de preços de insumos na construção civil, como o cimento, que era encontrado a R$ 80.

A infovia que liga Barcelos (AM) a Boa Vista também teve a obra paralisada devido a seca nos rios amazônicos e consequente atraso no licenciamento ambiental. O projeto promete acabar com a instabilidade da internet em Roraima.