Taylayne Félix, de 10 anos, mora no Cidade Satélite com sua mãe e quatro de seus sete irmãos há dois anos. Os outros três moram na casa de ex-padrasto. Ela é uma criança sorridente, que se preocupa com os familiares, e mandou uma carta para o Papai Noel dos Correios, por meio do Centro de Referência de Assistência Social (Cras), onde destaca o amadurecimento que teve este ano, principalmente para os estudos.
“Querido Papai Noel, no início do ano eu queria uma boneca, mas com o passar do tempo fui valorizando os estudos e percebi que quero um kit escolar. Esse é o meu pedido e ficaria grata em receber. Mas se for pedir muito, ficarei satisfeita com uma bola, sapato, roupa, uma mochila para meu irmão…”, diz um trecho da carta.
Apesar de ela tratar o pedido como para ela, Taylayne explicou que, na verdade, este é um pedido que ela fez para sua irmã mais nova, que mora com o ex-padrasto, no bairro Conjunto Cidadão. “Ela é mais necessitada do que eu e, quando vi que ela estava tão carente de materiais para a escola, resolvi que daria o que eu receber de mochila, caderno ou lápis para ela”, contou.
A irmã mais velha, considerada como responsável por todos quando a mãe não está em casa, a estudante Natasha Xayane, de 18 anos, contou que Taylayne sempre se preocupou com o bem-estar dos irmãos e que todas as sugestões de pedidos na carta são de coisas que ela acredita que os irmãos vão gostar.
“O pouco que temos é para dividir entre nós. Todos aqui estão acostumados a compartilhar materiais e brinquedos. Ela até chegou a dar um monte de sugestões na carta, pensando em cada irmão, e em como seria dividido entre todos”, comentou.
Em relação ao que Taylayne gostaria de ganhar para si, ela contou que tem vontade de ganhar um patins roxo tamanho 33/34. O pedido sequer aparece na carta escrita por ela. “Eu não sou seletiva, mas se tivesse que escolher uma cor, seria roxo”, complementou.
Natasha também frisou que, seguindo o exemplo dos irmãos precisarem ajudar uns aos outros, ela também busca alternativas para ajudar no sustento de todos. “Eu ainda estou estudando, mas procuro um emprego para buscar estabilização junto com minha mãe. Somos muitos e mais uma fonte de renda poderia ajudar bastante”, concluiu.