A espera de Luan Arahel da Silva Teixeira pelo procedimento cirúrgico via Tratamento Fora de Domicílio (TFD), para poder voltar a andar e sentar corretamente, completa 185 dias neste sábado (31). Durante período, ele está sem ir para a escola e tampouco teve motivos para comemorar o aniversário de 13 anos no último dia 8.
Além disso, os pais de Luan estão desempregados, a ponto de o irmão dele precisar trabalhar como ajudante de cozinha para ganhar diárias e ajudar a família. A mãe do garoto, Ethel Teixeira, disse que, enquanto não consegue a cirurgia, o filho, diagnosticado com Transtorno do Espectro Autista (TEA), vive com crises de choro.
“É complicado! Falaram que dariam toda assistência pro Luan, mas o esqueceram aqui em casa”, lamentou Ethel sobre a promessa que teria recebido do Hospital da Criança Santo Antônio de que o menino seria acompanhado, mesmo em casa, pela unidade. “Acho uma negligência, porque o Luan teve dois meses internado no hospital e o TFD nunca procurou nada”.
Entenda
Em 23 de setembro do ano passado, Luan caiu na cozinha de casa e sofreu uma epifisiólise, quando há escorregamento da cabeça do fêmur na bacia. Ele ficou internado no Hospital da Criança até 17 de novembro, quando ganhou alta médica. E a luta para conseguir a cirurgia pelo TFD da Prefeitura de Boa Vista só iniciava.
A família precisou procurar a Defensoria Pública do Estado (DPE-RR) para resolver a situação e, no dia 26 de dezembro, conseguiu na Justiça de Roraima uma decisão para obrigar a Prefeitura a providenciar, em até 15 dias, a cirurgia ortopédica, sob pena de multa diária de R$ 1 mil.
Na época, em nota à Folha, o Poder Executivo municipal informou que o procedimento de Luan e outros casos dependiam da disponibilidade de vaga em hospitais de outros estados.
Nos autos, o defensor público Jaime Brasil explicou que durante o período em que o menino ficou internado, recebeu uma tração transtibial e foi encaminhado para o TFD, mas que a demora para a cirurgia poderia causar “sequelas irreversíveis” no adolescente.
O processo corre em segredo de Justiça. “A cirurgia do Luan nunca saiu. O juiz deu uma liminar a favor da gente, fez o bloqueio do dinheiro, o dinheiro foi transferido pro médico e a Prefeitura entrou com processo para fazer o cancelamento da cirurgia e pedir a devolução do dinheiro. Não sei mais nada da cirurgia, a Prefeitura não se manifesta. Na Defensoria, só falam que eu tenho que aguardar”, cobrou.
O que dizem os citados
A DPE-RR esclareceu que a 2ª Defensoria, junto às Varas de Infância e Juventude, ciente da decisão judicial em um agravo de instrumento impetrado, que suspendeu a decisão liminar e obrigou a empresa devolver o valor já depositado em conta para a realização da cirurgia do jovem Luan, informou que as contrarrazões do recurso já estão em processo de elaboração com as devidas fundamentações legais, para reverter a situação.
“Por se tratar de um caso urgente em que há risco para o paciente, está sendo conduzido com a maior celeridade possível e acredita-se que a resposta ao recurso deverá ser protocolada junto ao juizado nesta segunda-feira (3)”, disse, em nota.
A Prefeitura, até o momento, não comentou.
Ajuda
Ethel Teixeira disponibiliza o contato (95) 97400-9213 para envio de ajudas.
*Por Lucas Luckezie