Cotidiano

Menino diagnosticado com autismo pede uma bicicleta em cartinha

Marcos Vinícius, de 11 anos, foi abandonado pela mãe aos 15 dias de vida e diagnosticado com autismo aos 4 anos

O tom eufórico com que fez a pergunta marcou o início da visita após a avó, Célia da Silva, abrir a porta do apartamento: “Cadê minha bicicleta?!”. Marcos Vinícius da Silva completou 11 anos no último dia 27 de novembro, o sétimo aniversário após ter recebido o diagnóstico de autismo. Dono de um sorriso que tenta vencer a timidez, ele é um filho de criação de dona Célia, a avó paterna dele.

Marcos foi deixado pela mãe com a avó materna aos 15 dias de vida. Duas semanas depois, sem condições de criar o neto que mal havia completado um mês de vida, ele foi deixado com os avós por parte de pai. Desde então, ele mora com os avós e os outros dois primos, que também foram criados por dona Célia. A família mora em um apartamento do residencial Vila Jardim, localizado no bairro Cidade Satélite, zona oeste.

A rotina do menino é simples. Marcos cursa o 4º ano do Ensino Fundamental na Escola Municipal Glemíria Gonzaga Andrade, também localizada no Cidade Satélite. Às terças-feiras, durante a manhã, ele é levado pela avó às aulas de multifuncional que a escola oferece, onde ele aprende a formar palavras, a usar o computador e a exercitar outras atividades pedagógicas para seu desenvolvimento.

O menino e a prima eram deixados pela avó todos os dias no colégio. No entanto, pela idade que já avança, dona Célia explicou que não consegue mais acompanhar os netos. Dessa forma, os primos vão juntos para o colégio a pé. “Com a bicicleta, além de ser um sonho que ele tem desde a nossa antiga casa, eles vão poder chegar mais rápido na escola”, frisou a avó.

Morando há dois anos no Vila Jardim, a avó de Marcos informou que a família morava de aluguel em uma casa no bairro Conjunto Cidadão, zona oeste. Foi na antiga residência que o menino começou a pedir dos pais a bicicleta, pois via outras crianças ganhando. Dona Célia ressaltou que vontade nunca faltou, mas a renda que o marido ganha trabalhando com transportadora não é suficiente para atender ao pedido.

A avó destacou que Marcos já sabe andar de bicicleta, o que descarta as rodinhas do ‘brinquedo’. Para ela, a bicicleta pode ser um novo estímulo para o neto, tanto para se divertir, como para se exercitar. “Sei que com ele não tem preferência, ele vai gostar de qualquer bicicleta. Ele só espera ganhar”, finalizou.

ÚLTIMO DIA – Hoje, 7, é o último dia de doações das cartinhas enviadas a Campanha Papai Noel dos Correios. Se você ainda não adotou, não perca tempo. Basta se dirigir a sede dos Correios, no Centro Cívico da capital, das 8h às 11h e das 14h às 17h. O prazo para a entrega dos presentes é até segunda-feira, 11. (A.G.G)

Relembre alguns dos pedidos e histórias contadas pela Folha

No último dia para adoção das cartinhas enviadas à Campanha Papai Noel dos Correios, a Folha relembra alguns dos pedidos e histórias contados pelo jornal. Os interessados em adotar uma das cartinhas podem procurar a sede dos Correios, no Centro Cívico de Boa Vista, das 8h às 11h e das 14h às 17h.

O estudante Victor Eduardo Sena, de nove anos, pediu em sua cartinha uma chuteira vermelha. Sobre o presente, Victor contou que não tem preferência de modelos ou cores, apesar de ter desenhado uma chuteira vermelha na cartinha, desde que possa receber o tamanho 33. “Os meninos sempre me chamam pra jogar e só eu não tenho uma chuteira. Se eu ganhar, vou poder jogar melhor”, frisou. Quando perguntado qual o time do coração, não pensou duas vezes: “Quando eu crescer, quero ser jogador de futebol no Flamengo”.

Felipe Leocádio, de dez anos, sonha em ganhar uma bicicleta após a família ter sido vítima de furto. Com a memória viva na bicicleta que foi roubada, ele responde rápido à pergunta em relação ao modelo, apesar de não ter especificado o pedido na carta: “Uma verde, tipo Cross”, disse.

Guilherme Williams Alves de Lima, de nove anos, é fascinado por tecnologia e sonha ser engenheiro civil. Em sua carta ao Papai Noel, dois pedidos atípicos: um pêndulo de Newton e uma ampulheta. Guilherme apontou que a paixão por tecnologia é aproveitada na escola com a disciplina que mais gosta: Ciências. Conforme a carta que escreveu, obteve nota 10 na disciplina no terceiro bimestre deste ano. “Mereço ganhar porque tirei a nota máxima”, explicou no pedido. (A.G.G)