Cotidiano

Menino venezuelano pede mochila e quer jogar basquete

Sonho de Victor David é ser jogador de basquete; no entanto, garoto de 11 anos diz que gostaria ao menos ter material escolar para estudar

Victor David Henriquez, de 11 anos, estuda na Escola Estadual Barão de Parima, no Calungá, bairro onde mora atualmente, há quatro meses, depois de ter vindo da Venezuela com sua família. Ele foi uma das crianças que mandou carta para a Campanha Papai Noel dos Correios, pedindo por material escolar ou uma bicicleta, para ajudar em seus estudos e em sua caminhada até a instituição.

“Eu quero um material que tenha lápis, pois não gosto de escrever com caneta. Também queria um apontador, uma borracha, um caderno e uma mochila, podendo ser de rodinhas ou de costas, tanto faz. Esses materiais já iriam ajudar muito para o próximo ano. Como nos mudamos de moradia o tempo todo, às vezes fica difícil ir para a escola a pé. Hoje moro em um lugar mais perto, mas já precisei andar muito para estudar”, contou.

Apesar de ter pedido por materiais de necessidade, Victor não esconde que gosta de jogar basquete, e que sonha em ser jogador profissional quando crescer. “Quando eu morava em outra casa, no São Vicente, antes de me mudar para cá, costumava brincar com algumas crianças. Aqui, onde nos mudamos, não encontrei ninguém ainda para poder praticar”, conta.

Sua família, composta por mãe, pai, tia e uma irmã que ainda é bebê, está em Roraima há oito meses. A mãe de Victor, Valdivieso Morillo, conta que costumava trabalhar em um salão de beleza na Venezuela. Aqui, ela disse que já passou por muita necessidade, mas que graças aos bicos que seu marido faz, a família conseguiu ter condições de pagar por um aluguel em condomínio compartilhado no São Vicente.

“Morávamos em Caracas até o início do ano. Viemos para cá pelo mesmo motivo que a grande parte dos imigrantes, falta de comida e busca por oportunidade de trabalho. E Victor é um estudante muito esforçado, sempre mostrou grande interesse em estudar. A princípio, ele ficava meio apreensivo de ir ao colégio, por não entender nada que os professores falavam, mas aos poucos ele foi pegando o jeito, e hoje fala português melhor do que eu”.

Ela também afirmou que finalmente conseguiu um emprego em Boa Vista, justamente em salão de beleza, e que irá começar a trabalhar na segunda, 26. “Foi tudo muito suado para nós nesses últimos meses, conseguimos nos mudar para um condomínio dividindo o aluguel com outros imigrantes, que fica mais perto da escola do Victor. Daqui para a frente, estamos em busca de estabilidade, e esperamos que o presente do Papai Noel ajude o Victor”, concluiu. (P.B)