FABRÍCIO ARAÚJO
Colaborador da Folha
As praças de Boa Vista contam com guaritas que deveriam ser ocupadas por guardas municipais a fim de garantir a proteção de comerciantes e frequentadores. Mas, conforme levantamento da Folha, muitos dos espaços reservados para os agentes de segurança seguem vazios. Em alguns casos, nem mesmo as praças que dispõem de guardas conseguem ser locais seguros.
A Orla Taumanan, um dos pontos turísticos mais movimentados de Roraima, sofre com a falta de guardas nos postos de trabalho. A Folha esteve no local e verificou que a cabine estava vazia, embora a central de ar estivesse ligada e houvesse um radiocomunicador da guarda ligado no local.
A reportagem conversou com uma frequentadora do espaço público que não quis se identificar. Ela disse ter ido à orla pela terceira vez esta semana e afirmou não ter visto, nas três ocasiões, guarda na guarita, destacando ainda ter sido assaltada meses atrás, quando não pôde contar com a ajuda de um agente de segurança.
Uma comerciante da Praça da Bandeira, que também optou por não se identificar, disse que nem nota mais se há guardas ou não no local “porque não faz diferença”. Ela afirma não se sentir segura e que é comum ver assaltos ocorrerem na praça.
O presidente do Sindicato Estadual dos Guardas Municipais de Roraima (SEGMU-RR), Jullyerre Pablo Lima, confirmou que há momentos de ausência da Guarda Municipal nas guaritas das praças e afirmou que isto se deve à necessidade de atender outras demandas.
“Dada a instabilidade da segurança pública estadual, a Guarda Civil Municipal tem se destacado muito para o policiamento ordinário na rua. Então, boa parte de nosso efetivo está sendo concentrada para resolver as demandas que, teoricamente, deveriam ser de competência conjunta da PM e Guarda Municipal, esta apenas prestando apoio. Mas tem ocorrido o inverso porque o governo está enfrentando esta crise”, declarou Lima.
Para atender as demandas, é necessário tirar servidores de algum lugar e a estratégia adotada tem sido a de retirá-los das praças. A Guarda Municipal conta com 386 agentes e, mesmo se não estivessem cumprindo tarefas extraordinárias durante a crise no Estado, o número não seria suficiente, de acordo com o presidente do SEGMU.
“Não é suficiente, ainda mais depois da imigração que ocorreu de forma desordenada. Não tem como cumprir todas as nossas demandas com efetivo reduzido porque a guarda está sendo bastante usada para auxiliar nas questões imigratórias. Atualmente, estamos dando suporte até na PAMC [Penitenciária Agrícola de Monte Cristo]”, argumentou Lima.
O presidente do sindicato acrescentou ainda que acredita que a presença de guardas nas praças ajudaria a inibir crimes, mas destacou que uma das reclamações da categoria é sobre as promoções da Guarda Municipal, atrasadas desde 2017. Ainda assim, ele assegura que os guardas estão preparados para atuar de forma mais ativa na segurança pública.
“Eu acredito que a Guarda está desenvolvendo um papel muito relevante na segurança pública, está realmente crescendo aqui no Estado, tendo, inclusive, ocorrências com disparo de arma de fogo. A guarda no momento está preparada para atender a população nas mais diversas situações”, concluiu Jullyerre Lima.