DAVID BRUNO
Colaborador Folha
Dados do último Censo Demográfico, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostram que o número de evangélicos no Brasil aumentou 61,45% em 10 anos. Em 2000, cerca de 26,2 milhões se disseram evangélicos, ou 15,4% da população. Em 2010, eles passaram a ser 42,3 milhões, ou 22,2% dos brasileiros.
Em Roraima não foi diferente. No ano 2000 a população evangélica era de pouco mais de 73 mil fiéis. Esse número quase que duplicou em 10 anos e passou para quase 137 mil pessoas seguindo a religião, número que representa 30,3% dos roraimenses.
Para o Presidente da Associação das Igrejas Evangélicas em Roraima, Rômulo Xavier, o crescimento se deu por conta das necessidades físicas, mentais e espirituais que a pessoa venha passar “a definição da palavra religião é pelo conhecimento que cada um vai recebendo ao longo da vida. Se a pessoa nascer num lar cristão, com certeza suas informações serão pautadas na palavra de Deus relacionando Cristo Jesus como Senhor e Salvador, e assim se define também nas outras demais religiões”.
Para a denominação evangélica, o trabalho em Roraima foi se desenvolvendo através de pessoas que começaram a se colocar nos interiores e nas comunidades. “Essa formação espiritual vai levando o crescimento formal da igreja evangélica. Nos últimos 20 anos, muitas pessoas começaram a vir para Roraima e no meio delas muitos cristãos chegaram, e assim vieram se formando. Em 1979, por exemplo, tínhamos 13 igrejas evangélicas. Hoje estamos com 587 denominações cristãs relacionadas ao lado evangélico”. Destacou o Presidente da Associação das Igrejas Evangélicas em Roraima.
Hoje, a evangelização saiu das quatro paredes, ou seja, do trabalho congregacional, e passou para as ruas, o que influenciou diretamente no crescimento do número de evangélicos no estado. “No primeiro momento o trabalho foi de assistencialismo, através de doações de alimentos, roupas, depois foi aumentando para as cruzadas, para os cultos de rua. Mas o destaque de evangelização vai para a Marcha para Jesus, que nos últimos 25 anos vem se tornando o maior evento do estado de Roraima, o que influenciou para que a evangelização se tornasse muito crescente”.
Mas mesmo com o crescimento de evangélicos, o país ainda segue com maioria católica. Em 2010, Roraima chegou a ter mais de 227 mil católicos, quase 50% da população.
Para o Padre Paulo Mota esse número se deve à busca que o ser humano tem pela dependência de uma comunicação com Deus. As pessoas, segundo ele, procuram na religião uma resposta para os questionamentos da vida. “Estudos filosóficos e científicos mostram que as pessoas veem a religião como um patamar de respostas para as dificuldades e alegrias da vida; é natural do ser humano, já que a fé não é feita só das dificuldades, mas também das celebrações da vida”, explicou.
Diante do aumento de evangélicos no estado, o Padre falou como está sendo o trabalho da Igreja Católica em Roraima e destacou que apesar das dificuldades para realizar as evangelizações nos outros municípios, e até mesmo nas comunidades indígenas, existem fiéis engajados na obra. “Nós temos cumprido o dever de levar a palavra de Deus na mediada do possível. Apesar da escassez de liderança e sacerdotes, existem irmãos e irmãs nas comunidades que são muito engajados com a obra, que celebram a palavra e fazem as confraternizações, tanto na cidade quanto no interior e também nas comunidades indígenas” destacou.
Para Paulo Mota, a dificuldade do Catolicismo avançar nas regiões mais distantes é devido à falta de Padres que atuem nessas localidades. “Há poucos que atuam no interior e nas comunidades, por isso usamos lideranças locais para atrair a confiança das comunidades. As ações são realizadas por pequenos missionários autoproclamados, que, inicialmente, têm por objetivo fundar a sua igreja, do que a uma ação planejada de igrejas mandando missionários”, disse.