Cotidiano

Metade dos venezuelanos refugiados que entram no Brasil decide ficar

Atualmente, 75% dos pedidos para permanecer no país são para residência

Dos mais de 717 mil venezuelanos que chegaram ao Brasil desde janeiro de 2017, quase metade (47%) resolveu ficar e viver no país. Por meio do trabalho da Operação Acolhida, força-tarefa criada em 2018 pelo governo brasileiro, com a participação de agências das Nações Unidas e organismos internacionais, muitos desses migrantes foram interiorizados, ou seja, enviados para cidades do interior do país, onde há oportunidades de trabalho e moradia.

Atualmente, 75% dos pedidos para permanecer no país são para residência. Desde o ano passado, o governo brasileiro simplificou os procedimentos de autorização de residência temporária, por dois anos. Em 2018, o primeiro ano da Operação Acolhida, 65% dos pedidos de permanência eram para refúgio, quando a pessoa deixa seu país de origem por motivo de perseguição ou uma situação de grave violação de direitos humanos. Hoje, esse tipo de pedido corresponde a 25%.

De 2018 para cá, houve uma mudança no perfil do venezuelano que busca o Brasil como destino. A diretora do Departamento de Migrações do Ministério da Justiça e Segurança Pública, Lígia Lucindo, diz que é possível notar essa diferença: “o público que primeiro recorreu ao Brasil foi aquele que tinha melhores condições financeiras de deixar a Venezuela já no início da crise, e hoje, a gente tem notado que mesmo aqueles que tinham uma condição menos favorecida também estão recorrendo aqui ao território nacional”.

Interiorização

O país teve que pensar em uma estratégia para abrigar essas pessoas. A Operação Acolhida desenvolveu um sistema para receber, orientar, acolher e interiorizar esses venezuelanos. O governo brasileiro flexibilizou regras para autorizar rapidamente os pedidos de residência e refúgio. Plano para interiorizar essas pessoas foi criado para aliviar as cidades que são a primeira parada desses imigrantes. Muitos aguardam a oportunidade de reencontrar a família ou amigos que vieram antes.

O CPF e cartão do SUS são alguns dos documentos que os venezuelanos conseguem assim que chegam no país. Também são cadastrados para conseguir emprego. O oficial de campo da Alto-comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) Arturo de Nieves, afirma que a grande diferença da operação montada no Brasil para imigrantes em relação ao restante do mundo são ações que facilitam a integração para que as pessoas refaçam sua vida e tenham independência”.

Segundo a Operação  Acolhida, mais de 800 municípios já receberam venezuelanos desde 2018. Paraná (12.678), Santa Catarina (12.195) e Rio Grande do Sul (10.593) foram os principais destinos. “Nós procuramos conciliar as oportunidades de oferta de emprego do mercado brasileiro à capacitação do venezuelano”, afirma o tenente-coronel  Magno Lopes, chefe do Centro de Coordenação para Interiorização.

Com informações da Agência Brasil