Militares aquecem setor imobiliário em RR

A crise econômica que atingiu em cheio o setor imobiliário em Roraima, no ano passado, vem perdendo força, ao menos nos primeiros dias de 2016. A queda no preço dos aluguéis de casas e apartamentos aqueceu o setor, que vem se recuperando das constantes quedas na demanda.

Um dos motivos para a alta na procura por imóveis alugados no início do ano se deve, principalmente, ao período de transferência de militares para o Estado. “Entre o final do ano e o início do outro, o mercado aquece.

Isso dura até fevereiro. A vinda de militares para cá movimenta o setor”, afirmou a delegada do Conselho Regional de Corretores de Imóveis (Creci), Rosemary Malinovsky.

Conforme ela, ainda por conta da crise, as imobiliárias têm aconselhado os proprietários de imóveis a não reajustarem o valor dos aluguéis. “Os nossos contratos são de no mínimo um ano. Após esse prazo, o valor geralmente é reajustado, mas estamos pedindo para que não aumentem o valor, porque sabemos que tem gente que está saindo de casas mais caras para procurarem mais baratas e equilibrar o orçamento”, explicou.

Apesar do aumento na procura, a delegada admitiu que a melhora no setor foi abaixo do esperado. “A gente começou a melhorar e o mercado deu uma movimentada, mas ainda não foi abaixo do que esperávamos em relação aos anos anteriores”, disse.

Preço dos imóveis varia de acordo com a localização

A Folha fez uma breve pesquisa para saber como estão os preços dos aluguéis em Boa Vista, que variam conforme a localização e o tamanho dos imóveis. O aluguel de um apartamento simples, com dois quartos, sala, cozinha e banheiro, em bairros de área nobre da Capital, como o Caçari e o Paraviana, na zona Norte, custam, em média, R$ 900,00.

Em bairros mais próximos do Centro, como São Vicente e Mecejana, o aluguel de um apartamento chega a custar R$ 750,00. A mensalidade de um imóvel nas mesmas condições, só que em bairros mais afastados, como Senador Hélio Campos e Silvio Leite, ambos na zona Oeste, varia entre R$ 350,00 e R$ 450,00.

Vendas de imóveis caem

Na contramão da alta na procura por aluguéis, a temporada de férias e as restrições financeiras, como o aumento na entrada e dos juros no financiamento, refletiram na queda da venda de imóveis em Roraima. A Caixa Econômica Federal (CEF), responsável por 90% dos financiamentos de imóveis no Estado, elevou o valor da entrada de 10 para 30%.

“As vendas no mês de dezembro são mais baixas por conta do período de férias e toda essa questão do financiamento, mas é natural. Já começamos a receber ligações de clientes procurando casas para comprar, porque tem muita gente que quer financiar sua casa”, destacou a delegada do Conselho Regional de Corretores de Imóveis (Creci), Rosemary Malinovsky.

Uma casa ou até mesmo um terreno nos bairros considerados nobres da Capital não sai por menos de R$ 250 mil. Nos bairros mais afastados, o preço de uma casa com seis cômodos, por exemplo, varia entre R$ 55 mil e R$ 75 mil.

Roraima é uma ‘bolha imobiliária’, diz empresário

Segundo o empresário Erasmo Sabino, o fato de Roraima não possuir uma tabela fixa para determinar o valor dos imóveis o transforma em uma grande “bolha imobiliária”. “Sabemos que quem dita o mercado é a lei da oferta e da procura. Infelizmente, não temos uma planta de valores. Por várias vezes deixei de vender imóveis porque as avaliações são feitas sem critérios, de forma aleatória”, afirmou.

Para ele, os preços dos imóveis no Estado são superfaturados. “Nas áreas nobres colocam preços absurdos sem nem saber se aquele imóvel vale, mas não vale. Não há um índice de preços, e isso é uma coisa muito séria, porque as vendas são feitas de forma aleatória, com preços superfaturados”, frisou.

Conforme o Creci, ao contrário dos outros estados, onde o valor do imóvel é fixado em uma tabela fixa pelo metro quadrado, a avaliação em Roraima é realizada apenas por corretores. (L.G.C)