Militarização e falta de investimento na rede pública são alvo de críticas

A questão da militarização das escolas em Roraima, o desvio de recursos públicos e a falta de investimento no ensino público foram alvos de reclamações durante audiência pública realizada na manhã de ontem, 17, na Assembleia Legislativa de Roraima (ALE-RR).

A ação com o tema “Nossa Escola Não é Mercadoria” foi organizada pela Pastoral da Juventude Estudantil (PJE) da Igreja Católica e contou com a participação de estudantes da rede estadual, principalmente da escola Ayrton Senna e de parlamentares, buscou discutir o panorama da educação em Roraima.

O coordenador diocesano das Pastorais Sociais e representante da Diocese de Roraima, Irmão Danilo Bezerra, explicou que o tema escolhido foi justamente para debater a falta de preocupação com a educação pública gratuita de qualidade e não privatizado ou terceirizado. “Educação é direito, a gestão municipal, estadual e federal, todos os gestores devem olhar e investir na educação pública”, afirmou.

A questão da militarização nas escolas foi novamente alvo de críticas, sendo considerada como uma medida negativa para o ensino pela Diocese de Roraima. Para as entidades religiosas, o olhar das Forças Armadas percebe os alunos com um perfil único, sem compreender as peculiaridades de cada um. “Não dá para trabalhar o ensino com a militarização. Tem que ser trabalhado com políticas públicas”, informa Irmão Danilo.

O atendimento humanizado, onde o aluno é compreendido como uma pessoa, com sua própria bagagem e histórico familiar, seria uma abordagem mais positiva e com melhores resultados, acredita.

“A gente não pode achar que todos os jovens pensam da mesma forma. É preciso educar a pessoa para ser sujeito de direito, que possa concordar, discordar, criticar, com o acompanhamento de profissionais como assistente social, psicólogo, enfim. Um olhar mais humano para o aluno, o jovem e a criança”, frisou.

Os alunos que participaram da audiência pública, principalmente no final, solicitaram mais qualidade de ensino e criticaram atos de corrupção, que muitas vezes desviam os recursos públicos que estavam destinados para a educação e influenciam na falta de melhorias estruturais, reformas e até na merenda escolar.

PRÓXIMOS PASSOS – Ao final, os assuntos abordados pelos participantes foram formalizados em um documento que será encaminhado para as secretarias estaduais e municipal de educação, conselhos, deputados estaduais, vereadores e outros órgãos que atuam no setor.

O documento ainda critica a ausência dos parlamentares na audiência. “Onde estão os deputados que não estão preocupados com o debate da sociedade”, frisou Irmão Danilo. O documento está sendo elaborado e está previsto para ser entregue aos órgãos competentes até o final da próxima semana.