Após sete dias de atendimento nas Terras indígenas Yanomami, a equipe de militares de saúde das Forças Armadas retornou, na segunda-feira, 26, da Missão Roraima II.
Ao todo, foram realizados 2.740 atendimentos nas aldeias Parima, Parafuri, Kaianaú, Alto Mucajaí e Baixo Mucajaí, além das comunidades que vivem no entorno dos Pelotões Especiais de Fronteira (PEF) de Auaris e de Surucucu.
As atividades foram conduzidas por médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem e veterinários da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, oriundos de Organizações Militares de todo o Brasil, com o propósito único de ajudar a população indígena, promovendo a saúde integralmente.
Ao lado da equipe militar, participaram também das ações enfermeiros e dentistas da Secretaria Especial de Saúde Indígena (SESAI), que já trabalham com as comunidades da região.
“Sinto um misto de alegria e de gratidão por colaborar com a população indígena. A missão engrandeceu mais ainda nossa vida profissional e pessoal, como, por exemplo, quando atendi uma pequena menina na aldeia em Surucucu. Ela estava com muita dor de dente e me abraçou, após eu ter dado medicação para aliviar a sua dor. Ou quando outra mãe, na aldeia do Baixo Mucujuí, veio agradecer, com um largo sorriso, por eu me preocupar em olhar os filhos dela e explicar as suas dúvidas”, disse, emocionada, a tenente Ana Paula Gomes, médica do Hospital Militar de Área de Porto Alegre.
Os indígenas da região oeste de Roraima vivem, em sua maioria, em aldeias isoladas e de difícil acesso. Graças às ações conjuntas dos Ministérios da Defesa e da Saúde de reforço à saúde desta população, nesta época de pandemia, comunidades indígenas de todo o País estão sendo assistidas, orientadas e ajudadas no combate à Covid-19.
As Forças Armadas, além de empregarem os seus efetivos especializados, usam logística própria e a capilaridade já existente para atingirem essas áreas inóspitas. E, contando com o apoio da SESAI, que levanta a situação epidemiológica das regiões, intermedeia e atua por meio de sua equipe interdisciplinar e de seus Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEI), conseguem realizar um trabalho eficiente junto a essas comunidades vulneráveis.
Na chegada a algumas aldeias, de acordo com o major Darlan Sena, do Centro de Centro de Comunicação Social do Exército, que acompanhou a Missão, a equipe precisou, inclusive, antes de iniciar as ações, passar por algumas práticas que fazem parte da cultura local, como a pintura para identificação e o ritual para espantar maus espíritos.
“A Comunicação foi fundamental nessa missão. Tivemos que entender os costumes locais e nos adaptarmos a eles para, então, podermos prestar a ajuda necessária ao povo indígena”, completou o major.
Gerson da Silva Xiriam, líder da Comunidade Cicamabiú, estava bem desconfiado e receoso, logo na chegada da equipe, segundo relatos de seus integrantes. Ao final de um dia de muitos atendimentos de saúde em sua comunidade, a situação já era outra.
“Achei muito bom o apoio das Forças Armadas e gostaria que esse trabalho fosse feito mais vezes. Gostamos muito de tudo”, disse.
Para Alexandre Lopes Nogueira, Assessor do Gabinete da SESAI, que acompanhou a Missão Roraima II, a ações desenvolvidas nas aldeias da região permitiram apoio fundamental às populações do Distrito Sanitário Especial Indígena – DSEI Yanomami.
“Diversas especialidades médicas, como ginecologia, pediatria, clínica geral e veterinária foram deslocadas para as áreas, especialmente, para aquelas de difícil acesso, melhorando a saúde indígena e a qualidade de vida daquela população”.
A Missão Roraima II é a 16ª ação interministerial das Pastas da Defesa e da Saúde, no contexto da Operação Covid, no combate ao novo coronavírus e em prol da saúde dos povos indígenas.